Vieira : o nosso pequeno ditador

Por vàrias vezes ouvimos a oposição a Vieira criticar a natureza da relação que o actual presidente do Sport Lisboa e Benfica tem com o poder. Esta critica traduz-se na comparação entre os métodos utilizados pela governação de Vieira e aqueles que estiveram na base da consolidação dos regimes autoritàrios/totalitàrios, sejam eles de esquerda ou de direita. Ora, a gravidade destas acusações merece uma reflexão sobre a sua legitimidade, partindo das vàrias anàlises realizadas pela Ciência politica que fizeram de tais regimes não apenas o resultados de pulsões e medos das populações, mas estruturas pensadas e conscientes.

O poder

Um dos principios bàsicos de todo o regime autoritàrio/totalitàrio é a alteração da lei fundamental do Pais de modo a que o Chefe tenha um fundamento legal para guardar o poder, mesmo se tal fundamento consiste na negação da propria legalidade. Foi o caso do regime nazi ao negar a validade dos textos constitucionais. Porém, os regimes autoritàrios/totalitàrios não têm necessidade de ir ao extremo do regime nazi para conservar o poder do Chefe. A grande maioria destes limita-se a uma alteração constitucional que centra o poder no Chefe e dificulta, através da legislação, a emergência de oposições, ou pelo menos a sua representatividade politica. Tais mudanças constitucionais podem ser realizadas através da unica vontade do Chefe, mas igualmente através de métodos "democràticos" como o recurso a referenda. Um bom exemplo de tais métodos "democraticos" foi a mudança constitucional realizada por Hugo Chavez hà alguns anos na Venezuela que transformou uma democracia popular de tipo sul-americana em regime autoritàrio.

Neste ponto, é clara a legitimidade da comparação entre Vieira e os regimes autoritàrios/totalitàrios. Tal como os Chefes, o pequeno chefe Vieira alterou a lei fundamental do Benfica, a sua Constituição, de modo a fechar as portas do poder a toda a oposição. O método utilizado foi o método "democràtico", visto que tal mudança foi legitimada pela votação dos socios.

Fonte : Ontem vi-te no Estadio da Luz

A diversidade

Aqui convém fazer uma distinção conceptual entre o que é um regime autoritàrio e um regime totalitàrio. Esta diferença conceptual encontra-se no facto de, enquanto nos regimes totalitàrios toda a diferença é anulada, eliminada em favor de uma unica visão do mundo, uma unica ideologia, nos regimes autoritàrios uma certa diversidade é tolerada se ela não coloca em causa a ideologia predominante. De qualquer das formas, nos dois tipos de regime toda a oposição que representa um perigo para a ideologia predominante deve ser eliminada. Os casos mais extremos levam à eliminação fisica dos elementos da oposição. Nos casos mais "brandos" ao simples apagamento no espaço publico dos meios susceptiveis de favorecer a comunicação das ideias da oposição.

Neste ponto, Vieira apresenta-se como um excelente chefe mostrando um dominio quase perfeito dos métodos autoritàrios. Ao recusar debater com o seu adversàrio aquando das ultimas eleições, Vieira eliminou toda a possibilidade que este tinha de apresentar aos benfiquistas uma visão diferente (melhor ou pior, não interessa, não sendo essa a questão aqui) daquilo que é o Benfica. Não apenas decidiu não debater com a oposição como igualmente o meio de comunicação do proprio clube, que deveria defender os interesses do clube e não de uma pessoa, absteve-se de entrar na campanha, mesmo se era por demais evidente para quem acompanhou a campanha as constantes tomadas de posição em favor de Vieira. Não debatendo e tirando a possibilidade ao seu adversàrio de utilizar um meio de comunicação previligiado como é o canal do clube, Vieira reduziu o espaço publico do seu adversàrio à Internet, meio em que os proprios Estados têm dificuldade em controlar.

Outra forma que o Chefe nos regimes autoritàrios/totalitàrios tem para acabar com a oposição ou pelo menos controlà-la é através de negociações pelas quais consegue o apoio de uma parte da oposição em troca de algum poder. Este método é evidente em todos os regimes, inclusivé nos regimes democraticos (as ditas alianças). Foi o método previligiado pelo Partido Nazi na sua relação com os partidos conservadores até chegar ao poder. Ao conseguir o apoio do principal partido conservador, Hitler "calou-o" pela integração, tirando do espaço publico aquele que era na altura o seu principal rival.

Ora, foi o método utilizado pelo pequeno chefe para com aquele que era o seu principal adversàrio a dada altura. Ao integrar Moniz na sua equipa em troco de algum poder na estrutura do clube, Vieira conseguiu controlar um dos maiores perigos para a sua governação, deixando, no mesmo acto, muitos opositores sem a representatividade que Moniz incarnava.

Propaganda

A propaganda sempre foi o meio mais eficaz que os regimes autoritàrios/totalitàrios utilizavam nas suas relações com o povo. Ela consistia numa simplificação dos argumentos que reduziam estes a uma visão binària do mundo onde Bem e Mal se combatiam, o Bem sendo representado pelo Chefe/Partido e o mal pela oposição. Este principio da propaganda é bastante eficaz na medida em que um discurso simples tem maior aceitação da parte do publico, sobretudo porque faz mais apelo à emoção do que à razão.

A propaganda tem um objectivo simples : reduzir a realidade da Nação e do Estado à figura do chefe. Esta redução faz-se através de uma mistificação do Lider, transformado em "salvador" que retira a Nação do estado de degradação no qual se encontrava. Este fenomeno é visivel tanto nos regimes autoritàrios, como o foi o regime de Salazar, como nos totalitàrios, como o regime Nazi. A Nação estava à beira do suicidio, salvando-se graças à intervenção do Salvador que limpou-a da influência das causas do degredo. esta imagem sendo alimentada com a construção de toda uma narrativa que fortalece a imagem do Salvador, mesmo se o que é contado està longe de corresponder à realidade concreta. A queda do Lider corresponderia assim à queda da Nação.

Fonte : site do Sport Lisboa e Benfica

A consolidação do poder do chefe através da construção de uma imagem não apenas literària como visual acompanha-se de todo um imaginàrio do inimigo transformado em Diabo que deve ser combatido para que não exista o perigo do regresso ao passado desastroso. Ao criar um mundo reduzido a dois polos, o Bem e o Mal, a propaganda consegue fazer com que o controlo da oposição seja feito por elementos exteriores à propria estrutura do Estado. Hannah Arendt demonstrou muito bem como o crescimento do Partido Nazi e o controlo da oposição dependeu mais de uma parte da população alemã do que dos proprios grupos militares do Partido. Era esta população afeta ao Partido Nazi sem contudo ter aderido a ele quem controlava as praças, as ruas, os prédios, sempre atenta a todo o desvio ideologico para depois, no pior dos casos, praticar a denunciação ou então, no melhor dos casos, descredibilizar socialmente as pessoas responsaveis pelos comportamentos desviantes.

Neste ponto igualmente, o nosso pequeno chefe não tem nada a dever aos grandes Chefes do século XX. Vieira construiu todo um discurso bàsico onde ele, e apenas ele, representa o Bem do Benfica enquanto toda a oposição, por muito variada que seja, é a incarnação do Mal, entenda-se do Vale e Azevedo. Neste sentido, toda a critica ao vieirismo é entendida, para uma boa parte dos benfiquistas, como um ataque ao proprio clube e uma vontade, mais ou menos consciente, de regressar aos tempos da podridão (quantas vezes não vemos nos blogs ou mesmo da boca de Vieira o argumento do regresso aos tempos de Vale e Azevedo?). E, tal como nos regimes autoritàrios/totalitàrios, esta propaganda fez nascer toda uma classe que, não pertencendo à estrutura, é-lhe bastante util na medida em que ela actua em seu nome e com a profunda convicção de estar a defender o clube. Trata-se da Guarda vieirista bem presnte nos diferentes blogs e que, assim que sente que existe um desvio em relação ao discurso oficial, procura descredibilizar os autores de tal heresia não pela argumentação mas pela caricatura (melhor forma de reduzir um argumento à logica binària na qual se encontram). Tais personagens são bastante visiveis e facilmente diferenciamos um vieirista como eles de um benfiquista que votou Vieira.

Igualmente interessante nesta comparação é a utilização da parte da Guarda vieirista da ameaça de violência fisica como forma de intimidar os opositores ao lider. Não preciso de demontrar a utilização deste método nos ditos regimes autoritàrios/totalitàrios... e uma pequena busca nos blogs benfiquistas mostrarà que trata-se de um dos métodos previligiados pela dita Guarda.

Conclusão

Por estas razões aqui demonstradas, a comparação entre os métodos do Vieira e os métodos dos regimes autoritàrios/totalitàrios não apenas é legitima como a proximidade dos mesmos deveria despertar uma atenção especial dos benfiquistas. Isto porque, como jà disse num outro post  (http://cabelodoaimar.blogspot.fr/2013/08/o-que-e-apoiar-o-benfica.html), a identidade do Benfica, a alma do Benfica é indissociavel do principio democràtico, da liberdade e da existência de uma pluralidade no interior do proprio clube

Muitos, alguns de boa-fé, outros pretenciosamente, afirmam que em nada tal comparação pode ser feita visto que se trata de alguém que està no poder graças aos votos dos benfiquistas. Gostaria de recordar a quem apresenta tal argumento que em nada o facto de existirem eleições implica que o poder seja democràtico. Foi através de eleições que o Partido Nacional-Socialista chegou ao poder na Alemanha, em Cuba sempre se realizaram eleições, em Portugal também existiram eleições durante o fascismo. A democracia não se reduz a um acto eleitoral Este, sem o respeito dos principios fundamentais da liberdade e da dignidade, é apenas uma forma vazia que retira todo o conteudo à democracia.

Contudo não culpo Vieira por esta situação. Vieira é alguém de inteligente que soube muito bem ganhar o poder num momento extremamente dificil para o Benfica e que mantém-se como pequeno chefe graças a uma eficaz manipulação da realidade benfiquista. Eu critico os socios, os benfiquistas. Porquê? Porque, como Kant muito bem dizia, em ultima instância a responsabilidade é sempre do individuo, cada Nação sendo aquilo que o seu povo merece. Se Vieira està no poder, isto deve-se mais ao facto do Benfica do Vieira ser aquilo que os benfiquistas merecem do que a uma qualquer manipulação, por muito inteligente e eficaz que seja, do universo benfiquista da parte do actual presidente... pensar o contràrio seria dar demasiada importância a quem não a merece. O Benfica são os socios, são os adeptos : o que de bom tivemos no clube sempre se deveu ao amor que os benfiquistas sentem pelo clube... da mesma forma que o que de mau tivemos (temos) no clube sempre se deveu à propria vontade dos benfiquistas.

26 comentários:

Rennie disse...

porra tanto texto.


a malta não consegue ler mais que 10 linhas seguidas.

nem umas fotos de gajas pelo meio para desanuviar nem nada.

rui disse...

Eu li tudo oh rennie,e achei bastante interessante.

A mim so me apetece dizer duas coisas,a primeira é que de boas intenções e boa vontade esta o inferno cheio,ele e a sua direção podem ter tido as melhores das intenções so que os resultados est
ao á vista,um fracasso total,o benfica continua a não ganhar,e pior que isso,so tem passado vergonhas e derrotas historicas.

A segunda é que se me perguntarem a mim porque é que eu nao gosto dele,dou logo a justificação mais ponderada possivel que é,não gosto da cara dele.

Reparem que isto até ja parece um mito urbano,mas realmente cada vez que ele fala ou diz qualquer coisa,a tendencia é que o benfica perde a seguir,mais não seja o homem é um autentico pé frio e dá azar.

jzz disse...

Provavelmente o pior post da história do cabelo do aimar.

Sempre a bater recordes...

Carlos Alberto disse...

O que entende o escriba por 'oposição'?

David Duarte disse...

Rennie,

as gajas é um post abaixo.

Rui,

não sinto aversão pelo Vieira. Jà estou imunizado contra ele.

jzz,

com tais argumentos, a melhor coisa a fazer é calar-me.

Carlos Alberto,

depende do contexto. Em certos momentos falei de oposição enquanto minimamente estruturada e por isso representativa (como foi a do Moniz ou como também foi, não penso que neste momento o seja, a do Bruno Carvalho); noutros momentos no sentido de mera opinião contrària ao discurso oficial.

lawrence disse...

Enquanto o Rennie ali em cima bate" no tamanho do texto, eu acho que isto é apenas um capítulo.
Depois deste "olhar para dentro" à volta da relação de Vieira com os Benfiquistas, falta dar uma olhada para fora à relação do mesmo com a "indústria" e quanto isso inibe o Clube de pôr os "cavalos" todos no asfalto!

Henrique disse...

“Outra forma que o Chefe nos regimes autoritàrios/totalitàrios tem para acabar com a oposição ou pelo menos controlà-la é através de negociações pelas quais consegue o apoio de uma parte da oposição em troca de algum poder.Este método é evidente em todos os regimes, inclusivé nos regimes democraticos (as ditas alianças). Foi o método previligiado pelo Partido Nazi na sua relação com os partidos conservadores até chegar ao poder. Ao conseguir o apoio do principal partido conservador, Hitler "calou-o" pela integração, tirando do espaço publico aquele que era na altura o seu principal rival. “

Os entendimentos com a oposição são fundamentais numa democracia, não vejo grande problema nisso, muito pelo contrário. Apesar de não ser grande especialista em política alemã do sec XX, não consigo encontrar o paralelo das alianças com a ascensão ao poder do partido nacional-socialista. Hitler sempre recusou alianças.

“Gostaria de recordar a quem apresenta tal argumento que em nada o facto de existirem eleições implica que o poder seja democràtico. Foi através de eleições que o Partido Nacional-Socialista chegou ao poder na Alemanha, em Cuba sempre se realizaram eleições, em Portugal também existiram eleições durante o fascismo. “

Só de má fé se pode comparar as “eleições” que se fizeram durante o período do estado novo, onde, por exemplo, Humberto Delgado venceria, com as eleições do Benfica.

“Se Vieira està no poder, isto deve-se mais ao facto do Benfica do Vieira ser aquilo que os benfiquistas merecem do que a uma qualquer manipulação”

Finalmente. O verdadeiro argumento é este. Tal como os comunas desprezam o povo por não ver o caminho da verdade, tu desprezas os Benfiquistas por não pensarem como tu, e acharem o Vieira um qualquer Hitler, Castro, Salazar, Mao Tse Tung (esqueceste-te de um “paralelo” com este, mas o tempo não dá para tudo). O topete autoritário da tua parte é tão grande que teria piada se não fosse irónico.

PS: já começavas a acertar com a merda dos acentos.

luis disse...

Senti aqui qualquer coisa o Humberto, foda-se é delgado...
Logo agora que estava a engordar a ideia de uma alternativa.
sei que há toureiros que tiram a alternativa, sei que há bois que não nos deixam alternativa, assobiar ou profissionalizar. Sem alternativa , nunca associar a corruptos.

Queria tirar o Coelho da cartola em alternativa ao delgado.

Acham que um 34º Humberto(capitão, larga a selecção do mendes s f f) , equipava melhor a ancora do Rui???
... O Benfica ficava mais parecido ao clube de Munique (terra do gajo do bigode curto).

Vivas ao B T T

jose garcia disse...

Enquanto a malta vai vomitando o Vieira e a vossa indignação com o Vieira ( e atenção que isto é muito sério), não seria melhor que vocês arranjassem alguém decente que se quisesse chegar à frente?

Ou isto é só debitar alarvidades e o resto que se foda?
Ou isto é só dizer que eu sou o maior e os outros são uns otários do caralho?
Ou isto é só dizer que o Benfica que eu conheci(quando só tenho 25 anos) não tem nada a ver com isto?
Ou se fala muito e não se tem o pingo de decência de não se pensar nada?
Ou se usa o nome do BENFICA pra se armar em cowboy e mandar quem ousa não concordar com a cassete pra se mandar pó caralho?

Sinceramente, isto está ao nível dum Manuel.
Pior ofensa, não me consigo lembrar :)

Daniel disse...

ó David, então quem acha que o benfica não joga nada não pode ser merda, mas quem defende o vieira com unhas e dentes já é?

eu defendo que são todos...

Tim disse...

Outra medida autoritàrio/totalitàrio é não fazer ideia de como se usam os acentos em português...

David Duarte disse...

Interessante que exista quem prefira criticar a forma e ignorar por completo o conteudo.

Maus caros, ideia de como se usam os acentos eu tenho. O que não tenho é o meio para os fazer visto que estou limitado ao meu teclado configurado em francês.

E agora Tim? Tens mais algo a dizer?

David Duarte disse...

Henrique,
Assim sim, com essa atitude podemos discutir (a boca ou duas que mandaste não tem mal nenhum... afinal isto é um tasco).

1. Como disse, o método das alianças faz parte do proprio jogo politico seja ele num regime democratico ou não. Isso também não me coloca problema algum. O que acho incoerente é o discurso e o combate duro que houve com a "unidade" que existe hoje entre Vieira e Moniz. Muita coisa foi dita e nesta aliança existe muito jogo politico... das duas partes.

2. A comparação serve apenas para demonstrar que não basta dizer que Vieira foi eleito para dizer que o Benfica vive em democracia. Se é verdade que não existiu uma eliminação fisica da oposição (era o que faltava!) também é verdade que todo o processo eleitoral que antecedeu a penultima eleição de Vieira foi a negação mesma da democracia pelas razões que apresentei.

3. Eu desprezo os benfiquistas?!? Pelo contràrio, afirmo que o poder é deles! Não compreendo essa posição tua. E, se leste atentivamente o que escrevi, vês que nõ meto tudo no mesmo saco, que faço uma distinção entre vieiristas e benfiquistas que votaram Vieira. Teres consciência desta distinção é o principio fundamental para falarmos decentemente. Eu não afirmo que existe apenas uma via possivel, pelo contràrio, por ser profundamente democrata, aceito outras vias... se a finalidade delas for o Benfica.

E a verdade é que, se virmos os blogs nos ultimos tempos, os vieiristas são cada vez mais violentos enquanto que os benfiquistas que votaram Vieira estão cada vez mais desiludidos e criticos.

David Duarte disse...

lawrence,
também acho que é apenas um capitulo. A relação do Vieira com o sistema também deve ser analisada pois estou de acordo contigo : a inconstância nas posições de Vieira, com apoios inequivocos e com um discurso no sentido contrario, é uma das causas da incapacidade do Benfica em reecontrar a hegemonia. Não se pode ter um discurso de oposição, de limpeza do futebol português e ao mesmo tempo dar apoio a pessoas que se alimentaram da corrupção.

Ricardo disse...

Excelente texto, David. Passei-o para o Ontem.

Isto é tudo tão clarinho que não deixa lugar a qualquer dúvida. O que se vive no Benfica é já um sistema bastante complexo de caciquismo. Resta saber para onde caminhará.

(eu sei, mas não digo)

luis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
luis disse...

...tempo.

Vou debitar algo com o romantismo que muitos Benfiquistas contrariam com uma "traulitada" a defender pessoas( como os outros fazem com o corrupto).

O meu romantismo prévio, parte dum caminho que muitas pessoas me incutiram com esta doença de serem Benfiquistas. Houve sempre contraditório, mas o Benfica é, foi e será sempre algo emocional, uma paixão para a vida.

Pensando o Benfica romântico primeiro, esta coisa de sistematicamente desde o 29º presidente cedermos a lideranças corruptas, que Todos Desportistas ou adeptos, sabem, criticam, denunciam...
O corrupto desportivamente que todos falam, chegou a presidente da liga,imaginem (após a terem liderado,logo sua na fundação profissional).
Nós representados por alguém eleito com 92% contra o azedo, conseguimos criar condições para fazer da nossa Instituição um circo de vaidades pessoais, um pântano que não terminou ainda após mesmo a passagem do azedo vaidoso.
E se as camisolas passaram a ter varias cores, até o rosa meus amigos(é a cor,não o miguel).
O nosso clube mesmo tendo mais sócios registados, manifesta um afastamento romântico perante as manifestações que as alianças provocam. Tínhamos 120 mil lugares( havia outras crises), o Povo não registado como sócios, comparecia de frango e garrafão na mão.

O posicionamento com as alianças que sustentam este sistema, cria um desgaste permanente nos ideais desportivos.

-Defender a ética Desportiva tem que ser polémico , forte, intransigente na defesa do nome Benfica.

-Passam os anos... lamentar as nossas próprias indecisões de como podemos dar a volta Cultural para haver Desporto com confiança, com ética!!!
Depender da sorte é uma coisa, depender de pessoas que nós próprios sabemos que são anti-Benfica, é completamente abusivo ao fim de tanto tempo.

-Aprender, exigir, envolver quem quer seguir o caminho da ética, sem desvios, porque o sistema já deu provas mais que suficientes que o negócio está primeiro.

-Entramos na era profissional... mas um bocadinho de amor exclusivo à nossa camisola??
Só para denunciar, deixar passar e deixar a polémica, porque a politica assim o exige???
Nos com os políticos estamos bem tramados...

-Não usamos essa politica como os tripas corruptos usam, desviam por vários caminhos na defesa do poder. E não temos um líder que veja o que acontece permanentemente???

- Somos das maiores Marcas do pais comercial( mais de 6 milhões de compradores) e não servimos para por a massa encefálica a trabalhar a favor de regras para instalar a confiança???
Os Benfiquistas unem-se por valores universais na defesa da Instituição, com coerência e persistência na luta pelos seus direitos.

-Neste ou noutro Tempo, já todos ouviram falar dum Tribunal Desportivo???

-Imbecilmente o luis pensa, que todos os clubes são poucos para inverter o sistema . Mas será o Benfica e o vizinho aqui do lado os mais prejudicados, Lisboa...Portugal.

Nota: A luz como um reflexo, abafado por um populismo de mercado e vaidade faz-me pensar o passado, para poder ter mais intuição para o futuro.

...responda quem souber, temos lideranças aliadas ao sistema. Seremos nós capazes de perceber que esse não é o caminho.
O tempo ensina, será que quem representa a Instituição aprende, sublinho como outro,a Instituição aprende ???

...treze anos, escrito por extenso, deu para aprender ou nem vale(não é com azia) a pena.

"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena"
... escrito por uma Pessoa que poderia ser de 101 clubes. Psicologia e Cultura eram de certeza.

Vivas ao Benfica Todos os tempos.

Zé Ninguém disse...

A parte da propaganda parece-se muito (a meu ver) com a forma com que o Orwell poe a propaganda do Napoleon no Triunfo dos Porcos. Texto excelente, boas analogias, parabéns!

rui disse...

Sabem que por exemplo,nos clubes de futebol americano,e basketball não á presidentes. Chamam se "owners" donos. Porque compraram o clube,por exemplo o chelsea tem um dono,o manchester city tambem tem um dono,mas o benfica não é um clube de futebol americano nem é o chelsea, é o benfica,e o vieira tornou se dono,mas não meteu la dinheiro nenhum do seu bolso,apenas endividou o clube.

João Tomaz disse...

Não pretendo, com o meu comentário, concordar ou discordar da tua conclusão.

É curioso que haja um comentário a criticar que se critique a forma e não o conteúdo quando o conteúdo é, em si, a forma.

E a forma é, a meu ver, completamente errada. Tiraste uma conclusão e, para demonstrá-la, fazes uma comparação rebuscada, colas uns factos e, pelo caminho, omites outros.

Dou um exemplo muito simples para que percebas o que quero dizer: Na parte da propaganda, referes o maniqueísmo. "Esqueces-te" é que o maniqueísmo está presente no discurso de inúmeros democratas.

Já que o Hitler e o NSDAP são tão referidos, permite-me que te recorde o seguinte: Quando o Hitler andava pelas tabernas da Baviera a criticar o poder vigente e ao qual ele se opunha, fazia discursos de três horas sempre com a mesma mensagem e estrutura. Apresentava duas ou três conclusões e justificava-las como bem entendia (colando uns factos, omitindo outros e estabelecendo comparações abusivas) para que a plateia desse urros de contentamento. Foi o que fizeste com este texto, independentemente de estares certo ou errado.

Luciano Silva disse...

Ponto 1: retirando algumas imprecisões históricas, bom na verdade muitas, faz todo o sentido a comparação entre Vieira e um qualquer autoritarista.

Ponto 2: faltou falar no arregimentar de tropas para formar a guarda pretoriana. Diz-se que muitos dos problemas que R. Costa enfrentou em certa altura está relacionado com o Benfica. Vieira, sabendo da$ dificuldade$ momentâneas conseguiu um capital de confiança que por si só era inatingível. Hoje em dia são a face da mesma moeda.

Ponto 3: só os sócios podem alterar este rumo. Não acredito, contudo, que tenham vontade de o fazer. Os sócios estão de tal forma domesticados que basta acenar com um regresso ao passado, de Val e Azevedo, que facilmente se elimina qualquer foco. Acrescente-se a falta de exigência própria, para muitos ir à Champions League e ficar em segundo e gozar com os lagartos é mais do que suficiente. É a cultura da mediocridade que vem do topo, eu sei.

Ponto 3: alguém já lia o Mein Kampf com urgência :D

Sentinela um Estremecer disse...

Demorou pouco tempo a notar-se que era um texto à Ontem, e como tal mereceu-me ainda menos atenção que a verborreia habitual do Valdemar.

Que caminhos tão íngremes atravessa este Cabelo do Aimar, actualmente. Logo volto quando isto melhorar.

David Duarte disse...

João Tomaz,
nunca pretendi afirmar que a propaganda é uma exclusividade dos regimes autoritàrios/totalitàrios. Ela està bem presente no discurso democratico igualmente. Contudo concordarà comigo quando digo que existe "propaganda" e propaganda", ou seja, que existe propaganda feita com o intuito de convencer o publico da legitimidade das nossas posições e propaganda que, com o mesmo objectivo, deturpa por completo e sem escrupulos a realidade através de uma simplificação extrema que se aproveita conscientemente da ignorância das pessoas.

E digo-te mais, comparas o meu discurso ao discurso de Hitler nas tabernas da Baviera. Veràs uma diferença essencial entre eu e Hitler : eu estabeleço nuances, coisa que nunca Hitler fazia pois seria precisamente complicar o discurso. Se eu fosse como Hitler, nunca faria a distinção entre vieiristas e benfiquistas que votam Vieira, meteria toda a gente no mesmo saco e mandaria todos para a "casa de banho".

Sobre a forma... a forma sobre a qual o João Tomaz fala não tem nada a ver com aquela que foi mencionada nos comentàrios anteriores. A forma de que fala é a estrutura do proprio text e não a mesquinhice dos erros de acentuação que não posso evitar ou uma ou duas letras comidas. A forma que escolhi tem os seus limites, como é obvio. Trata-se de um post num blog e não de uma dissertação sobre o tema. Limitei-me assim a escolher aqueles pontos que mais singularizam os métodos de tais regimes (aqui fala-se de métodos e não de ideologia) para depois comparà-los com os métodos de Vieira. Penso que para o objectivo do post (a legitimidade da comparação) era o que se impunha.

LM,
não penso ter faltado à verdade nas minhas referências historicas. Aceito que algumas merecessem mais precisões,mas não queria tornar o texto cansativo e pesado.

Sobre o Mein Kampf, li o suficiente para perceber que o complexo em relação à figura paterna pode atingir nivéis tão extremos numa criança que esta pode tornar-se no futuro num animal sedente de poder.

Sentinela,
isto não é um texto à Ontem : é um texto à David Duarte... Tente não caricaturar-me senão apenas demonstra que o que escrevi tem a sua razão. Diria mesmo mais, o Sentinela conseguiu demonstrar em três pequenas frases aquilo que eu escrevi em vàrios paragrafos.

Sentinela um Estremecer disse...

Não quis melindrar a tua opinião. É a tua, tem a mesma ou mais validade que a de outras pessoas quaisquer. Mas o que se encontra neste texto pode encontrar-se em 5 ou 6 posts diários do Ontem. E vai-se vendo cada vez mais aqui, infelizmente. O Cabelo não era isto, mas essa é a minha opinião. Criaram um blog, com uma imagem muito vincada, de um lugar onde se vinha descomprimir e rir um bocado.
O meu comentário expressa, de forma talvez desajeitada, o receio que tenho deste blog, que muito estimo desde a sua criação, se tornar noutro Ontem em toda a sua propaganda eleitoralista, que muitas vezes se confunde com uma simples guerra de contornos meramente pessoais contra alguém em vez de uma luta pelo bem de um clube, que de tempos em tempos tenta apregoar.
Mas claro que o blog é vosso e cada um escreve o que bem lhe apetece, para o bem ou para o mal.

João Tomaz disse...

David,

A comparação que fiz é absurda e quis mostrar somente que este exercício a que te dedicaste poderá ser feito em qualquer sentido.

Mas poderia ter escrito outra coisa qualquer, género "Ele é um cão. Como vêem, tem quatro membros. Os cães têm quatro membros, é um cão".

Mas dou-te a minha opinião sobre o assunto. Há, de facto, propaganda. Há um discurso maniqueísta. Houve mudança de estatutos. Houve antecipação de eleições. Houve alianças inesperadas. Nada disto impediu que houvesse oposição nas últimas eleições e que esta tivesse, como soube e pôde, tentado passar a sua mensagem.

Mais importante, nada disto é novo na nossa história. Ainda ontem dei com uma mensagem aos sócios do Capristano, vice-presidente para o futebol no mandato do Vale, que é um ataque do início ao fim à oposição. Fala em "verdadeiros benfiquistas" e chega até a apelidar de anti-benfiquistas aqueles que estavam contra a direcção de então.

Podes também recuar a 1926/27, quando, num relatório e contas, metade da nota introdutória são bocas ao Cosme Damião, que havia deixado de ter responsabilidades no clube no mandato anterior.

Poderia dar-te muitos mais exemplos mas penso que não valerá a pena.

Que o LFV é um populista, penso que é mais ou menos unânime. Agora tentar demonstrar que os actos do LFV respondem perante uma lógica de perpetuação do poder socorrendo-te, para isso, de exemplos históricos nefastos para a humanidade, acho que é incorrecto, para não dizer que é de um extremo mau gosto e demagógico.

Mais acertada é a referência que fazes ao Kant. Temos aquilo que merecemos. E repara que isto é assumido por alguém que, apesar de ter votado em branco nas últimas eleições, se tivesse sentido que aquela oposição poderia ganhar, teria votado LFV sem pestanejar.

David Duarte disse...

João Tomaz,

vou repetir algo que jà disse, mas que penso que não estàs a ter em conta na tua argumentação. Eu falo aqui de métodos. Por outras palavras de instrumentos que em si mesmos são neutros e por isso utilizados seja por quem fôr (falo aqui em especial da propaganda... no que toca à mudança de estatutos a conversa é outra porque apesar de ter sido legal, não foi legitima tendo em conta os principios da democracia, como por exemplo os da pluralidade ou da liberdade : importa não confundir os termos). E é neste sentido que considero que a comparação não é em nada abusiva.

O que podemos então interpretar são as finalidades para as quais são utilizados tais instrumentos e de que forma é trabalhada a realidade. Aqui o que seria abusivo seria considerar que Vieira quer meter o "inimigo" numa câmara de gaz ou no Tarrafal. O que jà não é abusivo é considerar que Vieira, tal como os Chefes do século XX, representa a negação da propria realidade com o intuito de conservar o poder, tentando anular pelo caminho a oposição.