Esforço, Dedicação, Devoção e Glória

Quando o Ricky marcou, não comemorei o golo. Como não tenho comemorado os últimos golos do Sporting, porque já sei que, ultimamente, os jogos raramente terminam com a vitória do Sporting. É ao ponto que isto já chegou.

A primeira parte até ‘tava a correr bem: defender bem e compactadamente e tentar marcar um golo num lance rápido ou bola parada, mas sempre deixando a defesa bem segura cá atrás. Conseguimo-lo, marcámos 1 golo e defendemos bem essa vantagem até ao intervalo. Maravilha. 

Depois, o descalabro de sempre: uma bola perdida junto à bandeirola de canto no meio-campo adversário é sinónimo de uma jogada de contra-ataque para o adversário. O que é estúpido por duas razões: primeiro, porque estávamos a ganhar e não havia uma necessidade tão urgente para atacar; e depois porque, ao perder a bola, nunca, mas mesmo nunca, há ninguém que consiga fazer uma puta de uma falta logo ali à saída da área deles, isto é, no meio campo adversário.

Na primeira vez que isso aconteceu, foi golo. A juntar a isso tudo, a pièce de résistance e que retrata bem esta época do Sporting: Carrillo, sozinho, à entrada da área do Sporting, a tentar cortar (dominar?) a bola… com o calcanhar! Surreal.

Já no final da primeira parte se via que Carrillo e Capel estavam prestes a “estoirar”. Mas foi preciso sofremos golo e ver o Carrillo deitado no relvado a sofrer cãimbras, aos 67 minutos de jogo(!), para o Vercauteren ter-se decidido a mexer na equipa. Parece que foi o adjunto belga que avisou o Vercauteren que o Carrillo já não aguentava. Hã? Qual adjunto belga, perguntam vocês? Pois, eu também.

Ainda pensei que fosse o Esgaio a substituir o Carrillo mas logo reparei que, afinal, tinha ido para a bancada. Compreende-se, se é para humilhar, ao menos que se humilhe os jogadores estrangeiros que nem “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória” saberão dizer de cor do que humilhar um puto que já na escola primária tinha escrito uma composição onde dizia que queria ser jogador de futebol do Sporting.

É um facto, estamos perante a pior época de sempre do Sporting Clube de Portugal e no preciso momento em que temos no plantel o jogador mais caro de sempre da história do clube e que se tem notabilizado por falhar golos em jogos importantes. Ia dizer que isto é uma das ironias mais caras do futebol, mas não, é mesmo uma tristeza do caralho.

E gostei da arbitragem, uma arbitragem à “inglesa”, a deixar jogar, lei da vantagem e whatnot. Eu também gosto muito de árbitros assim, que deixam jogar, mas todos nós nos lembramos o que aconteceu ao último árbitro que apitava assim: teve o azar de ter anulado um golo no pré-fabricado da Luz e, puff! Acabou-se a carreira de árbitro.

Finalmente, mérito para o Benfica que apenas teve que aproveitar a má forma física e alguns dos muitos erros anedóticos que os jogadores do Sporting cometeram.

Ah! E aplausos para a forma magnânima como o presidente dos benfiquistas espetou a cereja em cima do bolo, que foi a vitória de hoje em Alvalade. Foi uma "cereja" carregada de fair-play, desportivismo, elevação, cordialidade e boa-educação, e que, de certeza, terá deixado deliciados os seus consócios benfiquistas.

SL