Queixinhas

Pensei duas vezes se deveria ou não escrever sobre o caso “Luisão”, pois tinha dúvidas se valeria a pena, pois já tudo foi falado e escrito e pensei que tudo ficaria, como costuma ficar no futebol português, em águas de bacalhau. Mas decidi escrever quando vi a notícia de hoje que a FIFA indagou junto da Federação Alemã de Futebol e que esta irá enviar o processo para a FPF.    

É que há uma diferença enorme entre dar peitadas a árbitros em Portugal ou na Alemanha. Se em Portugal isso não traz problemas, já na Alemanha isso dá direito a queixa-crime, e com as devidas consequências. É um pouco como comprar submarinos com “luvas”, se em Portugal o assunto está submerso há anos e sem culpados, já na Alemanha houve direito a julgamento e a condenados por corrupção.

No início da época, soube-se que o Benfica tinha contratado um perito motivacional brasileiro qualquer, cujo papel seria incentivar o grupo rumo às vitórias. A julgar pelo que aconteceu, creio que deveriam ter antes contratado um historiador para lhes explicar alguma coisa sobre as grandes guerras mundiais que aconteceram no século passado e nos danos psicológicos, físicos e, sobretudo, culturais que permaneceram na Alemanha e explicar-lhes que os alemães são um povo sui generis.

São aquele povo que se indignou quando o treinador adjunto da selecção nacional de futebol, antes do jogo contra Portugal no Euro, fez uma piada sobre os jogadores alemães poderem vir a utilizar um capacete (de guerra) para se protegerem nos livres marcados pelo Cristiano Ronaldo. Tanta foi a indignação, nos media principalmente, que na conferencia de imprensa seguinte, o treinador principal, Joachim Löw, teve de pedir desculpa pela piada dos capacetes! São um povo, vá lá, um bocadinho sensível . 

É como aquele puto de óculos que se senta sempre à frente do professor, que tira sempre as melhores notas da classe e o qual todos sabemos que irá fazer queixinhas ao Director da escola se lhe dermos um empurrão no recreio. Mesmo que tenha sido sem querer. E se os alemães são os putos queixinhas, então o árbitro é o Einstein do Back to Skool. (Props para quem se lembra!)

Einstein, esse queixinhas! Grrr!

Depois, a contenção de danos. Ou melhor, a falta dela. É que nem um pedido de desculpas. Quando bato em alguém, mesmo que sem intenção, e essa pessoa ainda por cima cai (se faz fita depois ou não, é irrelevante), o mínimo que posso fazer é pedir-lhe desculpa, não começar-me a rir à frente dessa pessoa. É senso comum, boa educação, chamem-lhe o que quiserem. Mas não me surpreende a falta de tacto evidenciada pela estrutura técnica do Benfica, pois começo a pensar e lembro-me do “o fair play é uma treta”, do apagão da Luz, do Benfica-Nacional e daquele pedido ao Artur para que caísse no relvado nos últimos minutos do Benfica-Sporting da época passada, e portanto, ver o Jorge Jesus a rir-se no banco foi uma visão normal para todos… menos para os alemães.

Mais ridículo que a situação em si, só mesmo o rol de testemunhas abonatórias que o jornal do Benfica, A Bola, tem vindo a presentear-nos todos os dias. Passando desde o infame Pedro Proença, que mesmo sem ver o lance, deixou umas palavrinhas de apreço ao capitão do Benfica - talvez com esperanças de poder ir ao Colombo mais descansado nos próximos tempos - , depois o jogador menos faltoso da equipa, Javi Garcia, que diz que o Luisão é um exemplo dentro do relvado – falta saber em quê - e terminando no Argélico Fucks, mais conhecido por Argel, que insinuou - sem mandar qualquer computador à parede - que o árbitro estaria bêbado. Epah, isto é delicioso.

Se fosse inventado, ninguém acreditaria.