Antevisão do clássico

Domingo joga-se mais um clássico na Catedral e as estatísticas não são optimistas...

A história recente destes jogos tem sido cinzenta... No século XXI, em 14 jogos para o campeonato temos apenas 4 vitórias, 5 derrotas e 5 empates. Somando outras competições, 17 jogos, 5 vitórias, 6 derrotas e 6 empates.
A história ainda mais recente já não é cinzenta, é mesmo negra. 3 das 6 derrotas foram depois do título de 2010, tendo pelo meio polémica, luzes apagadas e claro, fruta para dormir. Enfim, o habitual.
Merda no futebol português é como o petróleo na arábia: enfia-se um dedo no chão e aquilo jorra.

Mas há um outro factor que tem sido denominador comum aos jogos do Benfica em casa (já para nem falar do dragoum) contra o fcp e era mais desse que queria falar neste post: O factor psicológico.

Não há volta a dar: JJ borra-se contra o porto. Os 2-0 na supertaça e 5-0 no dragão deixaram a cabeça do nosso mister mais esfrangalhada que a de um veterano de guerra. (os puritanos do costume que não me venham lixar o juízo por causa desta graçola. Sou filho e sobrinho de ex-combatentes em Angola,  e bis-neto de um ferido em La Lys.)
E o medo do mister passa para a equipa que nem o veneno de uma Taipan do Interior, corrói-a por dentro.

Bem sei que os azuis têm a segurança de quem sabe que as costas estão quentinhas pelo gajo do apito, mas isso não explica tudo.
A prova disso? Nos últimos 3 clássicos na Luz para o campeonato, antes dos 10 minutos já estávamos a perder, porque entramos intranquilos e encolhidos e eles não. E quando se tem que correr atrás do prejuízo quase desde o início do jogo, qualquer estratégia que tivesse sido pensada para o jogo cai por terra ou tem que sofrer alterações. Isso afecta qualquer equipa, a partir daí não se pensa o jogo, reage-se a ele.

Foram desenterrar o vitótó às areias das arábias para que ele desse umas entrevistas, para motivar o seu clube do coração. No entanto, acho que as entrevistas podem ser boas é para o Benfica. Porquê? Porque ele põe tudo a nu. Diz-nos explicitamente qual é a "receita" que eles usam para nos ganhar. E se se abstraírem da seu anti-benfiquismo primário, que lhe sai da boca com mais cadência que os perdigotos, hão-de ver que ele não diz mentira nenhuma.

O Benfica muda quando joga com o porto. Já nem falo da questão táctica, porque aí o princípio até pode nem ser errado. Que se mude a tática consoante o adversário é algo correcto de se fazer, desde que isso seja para lhes anularmos as forças e explorar-lhes os pontos fracos.
Falo da questão da atitude. Mesmo que o Benfica jogue com o seu melhor 11, a atitude, a forma de jogar é diferente. Há nervosismo, há tremideira.
E claro, se os alicerces não são sólidos, ficamos sujeitos à Wrecking Ball em forma de apito e com uma galdéria nua em cima.
Quando foram eles a ter medo, fomos felizes e campeões.

É a 3ª vez seguida que recebemos o porto em igualdade pontual. Em 2012 estávamos em fase descendente, em 2013 estávamos melhores que eles mas a tremideira deu 2 golos em 15minutos.
Este ano está equilibrado, andamos a jogar a mesma caca.

Ambas as equipas tiveram altos e baixos, vêm de resultado positivos mas antes tiveram resultados inexplicáveis e jogadores sem a cabeça no relvado.

A questão vai estar onde tem estado há muito tempo: na cabecinha.

Não se iludam muito, Paulo Fonseca não vai jogar com o duplo pivot. Por esta hora já terá recebido no tlm uma MMS com um selfie do macaco madureira à porta da escola dos filhos do Fonseca a rir-se com uma faca na mão.
Mas mesmo sem esta tática ranhosa do porto, continuamos a ter potencial para fazer um excelente resultado. Porque, lembre-se, estamos onde estamos sem ter contado com Salvio ou Cardozo na maioria dos jogos, enquanto eles têm jogado quase sempre na máxima força.

Se em 2012 e 2013 já não éramos inferiores ao fcp, este ano ainda é menos aceitável jogar a medo. Medo de quê, rapazes??

Não digo que só a vitória honrará Eusébio.
Um jogo de futebol tem demasiados factores imprevisíveis para se querer fazer do seu resultado uma homenagem a uma pessoa como o King. Mas mesmo assim, é possível fazer do próximo clássico uma homenagem ao Eusébio.
Como? Simples: jogando com intensidade, paixão, garra e vontade do início ao fim, como se fosse a final da champions. Sem medo nem complexos.
O resultado, logo se vê...

Eusébio não ganhava sempre mas jogava sempre para ganhar. Eusébio também perdia, mas não temia ninguém.

Têm a palavra os jogadores e JJ.

Força Benfica!

3 comentários:

João Oliveira disse...

O problema é que o Benfica já joga inclusivamente a contar com os árbitros. No Dragão a época passada foi visivel. Roderick só entrou porque Enzo e Matic foram amarelados à primeira oportunidade. No jogo em casa o Benfica não arriscou nada a sair para o ataque porque na época anterior para além do golo em fora-de-jogo o Porto marcou outros 2 precedidos de faltas.

No entanto acho que no proximo jogo o Benfica tem mesmo que ir para cima deles. Eles têm o Lucho sem pernas. Têm o Carlos Eduardo que não gosta de correr e sobra-lhes o Fernando porradeiro. Para além disso falta-lhes a organização e os lançamentos de Moutinho e a explosão do James Rodriguez. Espero que Jesus coloque o Ruben no meio para lhes ganharmos completamente o meio-campo e espero que exista a agressividade que se viu contra o Sporting para a taça ou a segunda parte contra o PSG.

Se formos o Benfica desses jogos dificilmente não saimos vencedores no Domingo

rui disse...

E isso nota-se nos adeptos, no porto conseguem sempre criar um ambiente muito hostil e cheios de confiança, no jogo do ano passado ide atrás ver o ambiente que se criou naquele estadio com uma bancada inteira todos vestidos á reis cristães...as coreografias..as claques..o publico,na luz esta la tudo feito mochos á espera que a sorte caia do ceu para eles depois se puder manifestar

hertz disse...

Tens razão rui. Alias, basta ver o jogo na Luz na época passada em que os adeptos apenas se manifestaram após os golos do Benfica. Na 2a parte toda mal se ouviram.
Ah, e também há o facto dos jogadores do porto irem passear pelas ruas de Lisboa na máxima da tranquilidade enquanto os nossos jogadores era sequer impensável saírem do hotel.