Arbitruz truz...

Ontem, eu, o Paulo Dias (escriba aqui da tasca) e o João, que anda na nossa turma e é nosso leitor, fomos a um evento de solidariedade no município do Sardoal, onde jogavam os Lagartos (sim, é mesmo esse o nome da equipa) contra o Venda Nova. Já devem estar a pensar: - mas que raio de interesse tem um jogo desses, especialmente havendo lagartos envolvidos. E eu digo: - Era obrigatório.

Saí do trabalho à pressa e conseguimos chegar quase no final do jogo. Fizemos as perguntas da praxe, tirámos fotos, falámos com os treinadores, tudo muito bem... Até que fizemos um Truz Truz à porta do balneário dos árbitros.

Lá dentro, António Marçal (ex-internacional, e bastante amigo de Pinto de Sousa e do Polvo) e um ex-adjunto de Duarte Gomes, que não me recordo o nome, mas que era o que estava em campo quando o Fehér morreu (ainda hoje o bandeirinha engole em seco quando se lembra desse momento) esperavam por nós, para serem entrevistados.

Tínhamos tudo pensado. Falávamos do jogo dos Lagartos (do Sardoal), puxávamos o assunto dos erros de arbitragem e dos loucos anos 90 onde a fruta era à vista desarmada, e acabávamos por tentar sacar alguma confissão ao homem do apito. Só havia um pormenor com o qual não contávamos.

Os árbitros são pessoas como nós, e quando começamos a conversar amigavelmente, é complicado "afiar as facas" e fazer um trabalho em condições. O Sr. António, pessoa afável, marcado pelas rugas e pelos cabelos brancos, falou de tudo um pouco, de como esta nova geração se tem safado muito bem (interpretem como quiserem), da urgência no recurso às tecnologias (recordou-nos que no tempo dele não havia intercomunicadores ou árbitros de baliza), confessou que tem muitas saudades de arbitrar mas nunca escondeu uma cara feia quando se lembrava dos "maus" momentos. Não houve um jogo em que não fosse insultado, e os poderes instalados, apesar de não querer falar nisso em ambiente festivo, desgastam qualquer árbitro que tente ser isento.
Confesso que fiquei com pena do senhor, e nenhum de nós foi capaz de lhe perguntar algo sobre o Apito Dourado ou Pinto da Costa. As más recordações eram tantas que só faltava ao homem começar a chorar à nossa frente.

No mundo do futebol, o maior racismo que existe é contra os árbitros, e como qualquer outro problema de intolerância, pode ser resolvido através da conversa (vejam Pinto da Costa, como sanou tanto problema através do diálogo na casa da Madalena). Eu proponho a todos... Falemos com os árbitros. Quando passarmos por eles na rua, no final dos jogos, no Colombo... Nada de violência, pelo menos antes de 1 ou 2 minutos de diálogo (no caso do Proença o limite é de 20 segundos), e vamos tentar sensibilizar os árbitros com os nossos problemas em relação ao trabalho deles.

Nesta história toda, os Lagartos (riscas verdes e brancas) levaram 7 do Venda Nova (equipava de vermelho e branco).

Só fiquei um pouco chateado com o ex-adjunto do Duarte Gomes quando disse que erros sempre existem para todos os lados, e quando uma equipa é beneficiada nunca fala sobre isso (até aí, tudo bem), mas que os erros nunca definem o campeonato porque são "ela por ela". Não concordo com essa parte, pois já perdemos bastantes pontos por causa dos bois de negro (olha, lá estou eu a ser outra vez racista).

Vitto a passar um charro ao buddy Marçal