Há textos do caralho

Este texto, escrito pelo bom Márcio Candoso, um dos mais cultos jornalistas da nossa praça, deixou-me de lágrima no olho. Não é normal. Nada normal. O amigo Márcio está em 'retiro espiritual', e não se sabe quando voltará. De qualquer forma, este belo texto mata-me (e aos restantes amigos) a saudade das belas prosas de tão ilustre companheiro, que sempre teve tempo para mandar a boca de apoio ao Benfica, por entre os problemas reais da vida. Aqui fica:

"Às sete da manhã, o frio do Porto não impede as manifestações, a mulher que leva os filhos ao colégio, ou quem se abota de balde e esfregona num qualquer serviço onde os doutores entram às oito.

Há um género de pessoas que pega ainda mais cedo. São os desgraçados hospitalizados, que se enganaram no comprimido e cagaram às cinco da manhã. A borrada é tanta, qua até a algália sofre dispensa.

Qual Clarence Hill, qual Theodore Roosevelt, Rantanplan, ou qualquer George Best à saída para o intervalo, dos 8-2 que o Manchester United marcou ao Northampton Town, calhando seis dos oito golos ao 'fifth beatle', aprendem a mijar de pé e a cagar sentados. Ultrapassa o género, o estilo, a intelectualidade, o modo de colher da vida, o que a gente lhe pega e ela tem para oferecer.

Um algaliado não espera pela sorte. Um belo dia, antes que os outros levem o filho ao colégio, peguem na esfregona, ou componham o nó da gravata, passa a mijar de pé. Como se fosse George Best."

Márcio Candoso