O Sporting e o Sistema - Parte II

Nos últimos anos, o presidente do Benfica, assim como a grande maioria de nós, percebeu como funcionava o sistema, com exemplos a virem de todo o lado, desde Igreja ao Estado, e tentou ir-se chegando a ele, alinhando com a forma dele se mexer, mas sem tentar dar muito nas vistas, até, e acredito, por uma questão de princípios éticos inerentes ao Benfiquismo, que deve repudiar qualquer troca de favores com contornos ilegais, mas, como é óbvio, não deixar de estar por perto para dar uma alfinetada de vez em quando, a ver se a coisa melhora. Fernando Gomes percebeu que o sistema estava em Joaquim Oliveira, daí não ter tido o mínimo problema em sair a mal do FC Porto e zangar-se com Pinto da Costa, e, ao contrário de outros tempos, conseguiu escalar até onde queria (FPF) sem que o presidente dos nortenhos o pudesse evitar. Luís Filipe Vieira queria estar na fila da frente, no dia em que o Sistema dava a primeira prova definitiva que Pinto da Costa não era mais o seu rosto destacado, daí o apoio INEQUÍVOCO ao novo benjamim da troca de favores do Futebol Português. O que Luís Filipe Vieira não esperava, ou preferia ignorar, é que o Sistema não é Fernando Gomes, que não passa de alguém que lá foi colocado, e neste momento, Joaquim Oliveira também perde fulgor no controle das coisas, muito por causa dos problemas financeiros (devido ao risco de falência dos clubes que não conseguem assim pagar o dinheiro que lhes foi emprestado pela Olivedesportos), e devido à instabilidade criada na ControlInvest, onde o Benfica tem uma pequena (talvez maior do que aquilo que é logicamente calculável) parte da responsabilidade, ao não ceder os jogos em casa.

Mas afinal onde está, neste momento, o Sistema? Está onde estiver o dinheiro. Angolanos desconhecidos vão comprar a ControlInvest, assim como muitas outras empresas Portuguesas, e vão injectar bom dinheiro, daí que basta aparecer alguém que goste de se mexer no futebol (ou lá tenha interesses) para ser essa a nova cara do Sistema, onde todos os orgãos do mundo da bola lhe irão prestar vassalagem e tentar ao máximo conseguir favorzinhos para estarem sempre em boa graça, evitando assim que as anteriores caras do Sistema os consigam derrubar. O grande problema dessas pessoas, é que as anteriores caras do Sistema sabem muito bem que não podem cortar em definitivo com as novas caras, (ver Pinto da Costa e Joaquim Oliveira, a zanga em que ninguém acredita), até porque correm o risco de cair em desgraça (ver Valentim Loureiro que acaba de ser obrigado a abandonar a câmara de Gondomar por causa do Apito Dourado; ou Veiga).

E onde entra o Sporting nisto tudo? Roquette sabia isto tudo em pormenor, adaptando até essa filosofia para a sua própria vida pessoal, e tentou ser, não o número 2 do sistema, como muitos pensam, mas sim o principal lambe-cus do sistema. Uma táctica "não te peço nada, só dás se quiseres e tal, eu gosto é mesmo muito de ti e quero aprender contigo". Compreende-se essa estratégia nos tempos actuais, devido à grande instabilidade do Sporting nos últimos 3 anos, mas é incompreensível numa altura em que o Benfica terminava campeonatos em 4º e 6º. A verdade é que o Sporting conseguiu ser campeão depois do penta do FC Porto (sem dúvida, o período mais forte do Sistema até aos dias de hoje), porque tinha uma grande equipa, um grande treinador, e porque não era chateado por ninguém. O Sistema deu-lhe essa abébia (não a de ser campeão, mas o de não o chatear). No ano seguinte, foi a vez de Valentim Loureiro, que roubava o protagonismo a Pinto da Costa, fazer do seu clube campeão. 

Aliás, Valentim Loureiro, empossado presidente da Liga em 1989, foi substituído por Damásio em 94 (título para o Benfica) e Pinto da Costa de 95 a 97 (altura em que Pinto da Costa substitui em definitivo Valentim Loureiro como cara do Sistema). Valentim Loureiro anda pelo Boavista nessa altura, e regressa à presidência da Liga com a saída de Pinto da Costa, aproveitando uma profunda remodelação, que lhe daria mais poderes, e assume-se novamente como nº 2 do Sistema, sem nunca conseguir destronar Pinto da Costa. O Major, que tinha gentilmente alinhado no Projecto Roquette, "deixou" o Sporting ganhar 2 títulos, mas depois teve que fechar a mangueira e voltar a centralizar os poderes no FC Porto, originando grande revolta (especialmente entre 2003 e 2005) por parte dos elementos da direcção do Sporting. 2006 acaba por ser o ano da viragem, com o Apito Dourado a começar a ser falado e com a saída de um Loureiro, para a entrada de outro, Hermínio. A partir daí, Luís Filipe Vieira começou ele próprio a ter grande peso sobre as pessoas que decidem e sobre quem tem o dinheiro, tentando com isso conseguir algum mérito para o Benfica, especialmente através do novo rosto do Sistema, que tinha salvo os clubes da falência (o Benfica entre eles) com empréstimos avultados, chamado Joaquim Oliveira.

O pior, e aquilo que Luís Filipe Vieira ignora, é que o Sistema nunca deixará cair quem o criou. O Sporting, com estas situações todas, vê-se relegado para terceiro (ou até quarto, pois até aí o Braga parece estar adiantado, com Salvador) no que toca a influências necessárias para que, pelo menos, não os chateiem, e que possam ser campeões à vontade.

3 comentários:

rui disse...

Isto é que vai para aqui umas teorias da conspiração....Sim Senhor,espero que o antonio pedro vasconcelos veja estas coisas e faça um filme,ia ser um sucesso mundial

Pedro disse...

Vitto, não penses por um segundo que Pinto da Costa está "morto". Sim, já não é a cara do Sistema que há muito pertence a Joaquim Oliveira mas continua a dominar os meandros da arbitragem através de favores e corrupção à moda antiga. Vê o que aconteceu a Pedro Proença e no sentido oposto a Bruno Paixão só pq teve a ousadia de não lhes garantir vitórias como eles estão habituados.

Henrique disse...

O "Sistema" é, desde há 30 anos, o controlo dos observadores dos árbitros. Enquanto o pessoal não meter isso na cabecinha não vamos lá. Quem controla os observadores controla os árbitros. Os árbitros são o elo mais fraco: se não tem notas boas não sobem, não são internacionais e descem de divisão, sendo o caso sintomático o árbitro general henriques.