Não há volta a dar, pode-se estar a dizer a maior caralhada em francês que aquilo vai soar sempre a romântico e doce. Por outro lado, pode-se estar a citar o mais bonito verso de amor em alemão que aquilo vai soar sempre a um lunático aos berros com uma batata quente na boca e picareta na mão para nos matar. Acho que isto mostra onde quero chegar.
É um bocado o que acontece com o meu Benfica deste ano comparado ao dos anos anteriores. Em épocas como a 12/13 (até às 20h do dia 6 de Maio), o Benfica para mim falava francês. Havia jogos que eram uma caralhada monumental, mas mesmo nesses havia qualquer coisa ali que dava perfume ao nosso futebol e fazia sonhar. Havia atitude, vontade e alegria, mesmo que às vezes o discernimento e a calma não fossem os melhores.
Esta época falamos alemão. Soa tudo a feio e agreste mesmo quando conquistamos vitórias importantes como em Guimarães e esta última contra o Estoril. Este ano falta alegria, entrosamento e vontade. Sai tudo em esforço e a ferros, parece que só há intensidade quando a pressão é esmagadora.
Se calhar o ano passado também levávamos 3 na bucha deste PSG, mas pelo menos não nos comportávamos como uns desgraçadinhos, em que o vexame não foi maior porque o advesário se poupou.
É óbvio que estou contentíssimo com a conquista de 3 pontos num dos terrenos mais difíceis do campeonato. Quem não queria a vitória só para o JJ se ir embora, que vá plantar espargos!
Mas voltamos a deixar uma imagem fraquinha e de sofrimento. E com isto, impomos tanto temor e respeito aos nossos adversários como o Bambi impõe ao Chuck Norris...
Nos primeiros 15/20 minutos de jogo, sabendo da urgência de dar outra imagem, entramos fortes e pressionantes, falhamos um golo e metemos outro. "O Lima estava só obstipado, isto agora vai ser uma caganeira de golos! Vai parecer o jorge nuno com um derrame cerebral!" pensei eu. Errado... Tremeu no penálti e falhou um golo. Afinal foi só uma caganita daquelas que nem suja a retrete. Laxante para o Lima, já! Com o Cardozo está visto que resultou.
A seguir a este período inicial, o Estoril vem pra cima de nós e lá começa a tremideira. Sem fazermos muito por isso, cai-nos do céu um penálte à moda do porto. Por um lado, ainda bem que o Lima falhou. Não merecíamos o 2º golo e não se ia falar de mais nada durante a semana. Por outro lado, tinha-me poupado a sofrer mais 3 enfartes e 4 avc's.
Quando se pensava que a 2ª parte ia ser mais do mesmo, a expulsão (correcta) de um estorilista aliada ao maior desgaste europeu dos canarinhos, que não só tinham menos 24 horas de descanso como, ao contrário do Benfica, foram a jogo nas competições europeias a meio da semana, torna-nos o jogo mais fácil. Em teoria, porque na prática, a seguir a um golaço do Tacura, pára-nos o cérebro e sofremos um golo de bola parada (que surpresa!) do...Balboa! Foda-se, pá! Já viram bem??? Um golo do Balboa??? Tanto tinhamos gozado com o facto de os azuis terem sofrido um golo depois do melhor central do sistema solar ser comido pelo mesmo Balboa, vocês resolvem cobrir-se ainda mais de ridículo. Francamente...
Com o resultado 2-1 foi o descalabro. Apesar de até termos conseguido +- empurrar o Estoril, via-se o nervosismo constante no banco e no relvado. Falta desnecessária do capitão à entrada da área, expulsão parva do Maxi (só para citar dois exemplos, ainda por cima dos que cá andam há mais tempo) e um quase golo do Estoril nos descontos.
Ola John apagou-se, Rodrigo morreu na Rússia, Gaitán faz a diferença e Cardozo justifica porque é que tanta gente o queria ver pelas costas.
"Mirai todos como yo hay empreñado nuestro presidente!" |
No final do jogo, o capitão disse que a equipa correu pelo presidente. Os azedos do costume, já vieram condenar estas declarações. Quanto a mim, apesar de também preferir que eles corressem pelo Benfica, não sou egoísta. Uma vez que o presidente Vieira está grávido do Cardozo, é normal que agora mereça uma atenção especial.
Mas pronto, o essencial foi garantido. 3 pontinhos limpos. Mais importantes ainda porque na próxima jornada há porto-Sporting e cheira-me que aquilo vai dar empate. Em condições normais o Sporting ganhava na boa, mas já se sabe que "estádio do dragão" e "condições normais" são expressões que combinam tanto como as palavras "hitler" e "judeu".
Agora livrem-se de merdar com o Nacional! E caso haja empate no Dragão...lembrem-se da bela merda que fizeram contra o Belenenses.
Uma palavrinha de apreço pelo Marco Silva do Estoril. Jogar contra Porto ou Benfica, tanto lhe dá. A entrega da equipa é total. Ao porto manda inchar, contra o Benfica, a jogar com 10 mete um ponta de lança. É de homem! Porra, quem mete o Balboa a marcar e a assistir mete o Mourinho a um canto.
Agora, desiludam-se os deslumbradinhos simplistas do costume que acham que tirar Jesus e meter o Marco Silva resolve tudo. Jesus é apenas o elo mais fraco de toda uma corrente carcomida pela ferrugem.
Espero que aproveitem esta pausa para fazer muito yoga e frequentar templos budistas. Metam as ideias em ordem, pensem no que querem para esta época e recuperem o físico. O campeonato começa a sério na próxima jornada? Confio e torço por vocês, e como eu há milhões. Não nos deixem ficar mal!
Força Benfica!!
3 comentários:
Discordo de uma coisa, não discordando...
Jesus não é o elo mais fraco, ele é o elo mais forte, incluindo do que a própria estrutura...
Não há ali ninguém que o trave, literalmente... até porque o próprio presidente Orelhas comunga algo que é típico do treinador: o péssimo português e a fanfarronice...
Quanto ao mais, a jogar assim nãos e vai a lado nenhum... mesmo com penalties que não o são nem em Marte...
P.S. Entre o Balboa e o Luisão, já se percebeu quem é o passivo na coisa...
"Uma vez que o presidente Vieira está grávido do Cardozo, é normal que agora mereça uma atenção especial."
É por estas e por outras que este blog é sensacional.
Mas que grande texto! E não me refiro ao tamanho. A melhor análise intra e extra 4 linhas que li do jogo passado.
Apenas coloco reticências à análise do lance do penaltie. Na minha opinião, os mais difíceis de analisar para um arbitro. Dependem sempre do seu critério. Sinceramente, neste país, no lugar deles, sempre que a bola batesse no braço eu assinalava falta. Pelo menos salvaguardam-se na coerência... Para o bem e para o mal, contra ou a favor. Se fosse ao contrário não faltaria quem berrasse que tínhamos sido roubados. Haver desta honestidade analítica é algo em vias de extinção.
O jogador sabe que não pode saltar com os braços levantados. Mas é mais fácil falar do que fazer, sobretudo quando em impulsão, a tendência natural é levantar os braços. Julgo que não teve intenção nenhuma em tocar na bola, até porque nem a vê. O que é um facto é que impede a sua trajectória e foi isso que o arbitro viu e, nestes casos, não conta a intenção.
Se não tivesse marcado não seria escândalo nenhum.
Não jogamos a ponta de um corno. E desta vez não há árbitro a quem recorrer para escamotear o que o autor e muitos outros conseguem discernir. Não me importo de jogar mal e ganhar, o que não me traz confiança nenhuma não é o jogar mal, é estarmos sempre com o credo na boca. De dentro para fora passa tudo menos crença, alma, vontade. Não passa nada.
Alimentar a esperança de encontrar ou de aparecer o Benfica depende única e exclusivamente de nós.
Atitude maravilhosa de Marco Silva e da sua equipa, sem duvida, que não é deste jogo, obviamente. É um processo que está a ser muito bem conduzido e por isso está a dar os seus frutos. O nosso futebol precisava de mais equipas e intervenientes destes, sem carácter esporádico. Melhorava os níveis de competição, trazia mais qualidade ao panorama futebolístico nacional e, certamente, mais gente aos estádios.
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