Cabelo do Aimar: Classic Diggin' - Dínamo de Kiev (98/99)



Ainda hoje me recordo, por alturas do Mundial de 98, de fazer em todos os cadernos da escola a minha equipa favorita para esse ano. Na baliza, a irreverência Paraguaia, na defesa, um misto de Franceses e Espanhóis, no meio campo, mais alguns Franceses e dois Brasileiros para apimentar a coisa... Mas as duas partes mais importantes eram sempre ocupados pela trindade ucraniana. Rebrov e Shevchenko no ataque, e Lobanovsky no banco.

Na entrada para a nova época, a comunicação social desportiva dava algum destaque aos ex-membros da URSS, pois finalmente nascia para os média a primeira personalidade VIP daquela recente república, Andrei Shevchenko. A somar a isso, também o bom desempenho na Champions de 97/98 onde eliminaram o Barcelona e chegaram aos Quartos de Final, fez com que o Dinamo Kiev nos entrasse pela televisão ou pelos jornais quase todas as semanas. Nessa altura, a Seleção não ia a fases finais de Mundiais e o Benfica preparava-se para dar o penta de mão-beijada ao FC Porto. Nada mais nos restava, senão apoiar os amarelinhos.


Vladimir Lobanovsky, que acumulava funções como seleccionador Ucraniano. era o grande timoneiro desta equipa, com quem já tinha ganho duas competições europeias nos anos 80, e o seu rigor e criatividade, aliadas a uma forma mais técnica de jogar, pouco habitual no futebol de leste, levaram este Dinamo a fazer uma das suas melhores épocas de sempre, 98/99.

Vencido o Campeonato e a Taça, o Dinamo ultrapassava um grupo onde venceu (e eliminou) o Arsenal, despachou o Real Madrid nos quartos e sucumbiu perante o Bayern nas meias, após ter ganho a 1ª mão na Ucrânia por 3-1. Foi uma despedida inglória, mas a enormidade de jogadores que saíram para grandes clubes acabou por assegurar uma estabilidade financeira importante nos Ucranianos, para além do prestígio que nunca mais lhes irá fugir.


Na Baliza, Shovkovsky ainda hoje é o guarda-redes titular, e resistiu a todas as ofertas de grandes clubes europeus para se tornar capitão de equipa. Na altura, era o guarda-redes de leste mais promissor, e muitos o comparavam a Yashin. Acabou por ter épocas menos boas, mas é hoje o mais titulado guarda-redes Ucraniano, com 27 troféus, e um dos mais titulados da Europa.

No quarteto defensivo, pontificava a maior estrela defensiva Ucarniana da primeira década de 2000. Oleg Luzhny, o defesa direito que capitaneava o Dínamo, era a figura em maior destaque, e transcendia-se na Champions, anulando por completo Davor Suker, ganhando assim uma transferência para o Arsenal. Os centrais, Holovko e Vaschuk, nunca tiveram grande sucesso fora de portas, mas ainda hoje Holovko é o único jogador Ucraniano a ganhar o campeonato por duas equipas diferentes. Do lado esquerdo, a estrela Georgiana, o primeiro Káká do Milan, Kakha Kaladze, seria, a par de Shevchenko, o jogador desta equipa a atingir grande sucesso no estrangeiro.

O meio-campo, ao contrário das laterais, era mais forte defensivamente, e ajudava a segurar as investidas de Kaladze que tantos golos deram aos avançados. Husin, era um médio defensivo poderoso, ao bom estilo bolchevique, e era ajudado pelos alas, Khatskevich, a estrela da Bielorússia, que trocaria o futebol Ucraniano pelo Chinês, com bastante sucesso, e o veterano Kosovsky, que seria um dos principais responsáveis da vitória do Bayern, ao cometer um erro perante Kouffour. Para completar o quarteto, o médio ofensivo Belkevich, também ele Bielorusso, era o verdadeiro Mago desta equipa, procurando sempre os avançados que raramente falhavam. Ainda hoje é o recordista de assistências do clube.

Na frente, a dupla mais famosa do final dos anos 90, a par de Yorke e Cole. Rebrov era fulminante, raramente falhava as oportunidades que tinha, e apesar de viver na sombra de Shevchenko, é o melhor marcador de sempre do Dínamo, tanto na Liga como na Europa. Transferiu-se para o Tottenham, mas não teve grande sucesso, sendo depois despachado para o West Ham, acabando por regressar ao Dínamo. Shevchenko dispensa apresentações, e ainda hoje é o ex-libris do futebol Ucraniano, preparando-se para entrar na política.


Não deixa de ser engraçado que alguns jogadores seguiram carreiras na política e no dirigismo desportivo, tão apetecível nas zonas da ex-URSS. Inclusive, ao escrever este artigo, vi uma notícia que Kaladze foi nomeado vice-primeiro-ministro da Geórgia.

5 comentários:

POC disse...

Equipa do caralho. Mas...

O Patrão está lixado por eu chamar o Azeiteiro de Azeiteiro. Vai daí, sabotou a contagem dos mais chatos de sempre.

Uma vergonha. Vou deixar de cá vir. Aliás, ainda bem que cá não venho.

Héber disse...

Ainda hoje li que o Kakha Kaladze se tornou ministro!

Pulha Garcia disse...

O grande Lobanovsky, conhecido por ser inexpressivo (ou talvez por estar em guerra interior, o que muitas vezes acontece a quem gosta muito de vodka). Um táctico que construiu o Shevchenko entre muitos outros.

Primal_X-man disse...

Off topic - vejam aqui o exemplo que algumas amélias do futebol devirão tentar seguir. Dar verdadeiramente o corpo ao manifesto pela equipa.

http://www.mirror.co.uk/news/uk-news/warrington-rugby-league-star-paul-1366439

Constantino disse...

Vitto,

Equipa mitica que tinha ainda a agravante de jogar mais de metade dos jogos no gelo (pode ser impressão minha mas não me lembro de ver nenhum jogo do Dinamo sem neve nas bordas (palavra bonita) do campo.

Dos jogadores destaco

- Shovkovsky - o pior melhor guarda redes da europa. Tinha menos técnica de guarda redes que o Oceano, dava mais frangos que o ROberto mas defendia muito. Felizmente o Shaktar fez questão de manter a tradição destes redes ucranianos pouco ortodoxos.

- Luzhny - outro rushfeld do vale e azevedo. Era o "melhor lateral do mundo" e fartou-se de brincar com as caneleiras no banco do Arsenal.

- Holovko - jogava horrores no CM.

- Husin - quando os ucranianos foram buscar o MIguel Veloso o principal objectivo foi retirarem ao Husin o titulo de trinco mais lento da historia do clube. Não conseguiram. Acho que tinha 2,68m de altura.

- Kosovskiy - não sei porque tenho ideia de ser o Di Maria da equipa... aquele Di Maria da 1ª epoca no SLB. Fintava adversarios, colegas, ele proprio, o lobanowsky, tudo.

- Rebrov - uma das estrelas. QUem não o tivesse no CM era um menino com dentes de leite. Nunca percebis e era cnahoto ou destro. Acho que ele também nao.

- Shevchenko - a estrela e ainda estava so em inicio de carreira. De todos os craques lobanowskianos foi o único que realmente correspondeu no estrangeiro.

Lobanowski - silhueta de lider do KGB parecia saido de um filme do Rocky. Pai do Ivan Drago?

Abraço