Eu, que quis o Jesus no caralho, me confesso

Antes de lerem o longo post (sei que vão ser poucos a fazer-lo) podem conferir aqui este post que fiz sobre Jesus há pouco mais de um ano. Ou então ler no final.

No início desta época, eu fui um dos que achei que Jesus não tinha condições para continuar no Benfica, e, embora o resultado fosse o mesmo, devo também referir que as minhas explicações para isso eram diferentes das habituais.

Mas comecemos pelo início. Desde o primeiro momento de Jorge Jesus no Benfica, eu me confessei 100% jesuíta, e assim fiquei nas épocas seguintes. Na verdade, o único momento das últimas 4 épocas em que virei as costas a Jesus (não achando no entanto que ele devesse ir embora) foi na época de André Villas Boas, pois pareceu-me sempre que o mister não andava muito bem, e complicava sempre nos momentos em que não pode complicar.

Na época seguinte, a mesma de Emerson, e que por acaso também coincidiu com o melhor período deste blog em termos de audiências regulares, eu fui o maior defensor de Jesus, não só porque percebi a imensa reviravolta que o técnico deu na sua maneira de estar no Benfica, como percebi notórias evoluções de treino, e uma busca realmente interessante de jogadores. Nunca critiquei uma única contratação a pedido de Jesus, e já tive os meus desgostos, tanto com Emerson como, nesta época, com Cortez, e sempre os defendi, mesmo quando percebia que o Benfica precisava de melhor, mas a noção que tenho da importância da estabilidade de um jogador para o seu desempenho não me deixou nunca virar-lhe as costas.

Recordo-me bem, na páscoa desse ano, da montagem que fiz a perguntar se iam crucificar os do costume, ou se preferiam a estabilidade e melhorias que se notaram na equipa, pese a falta do lateral esquerdo.

No ano passado, continuei sempre com Jesus, e recordo-me como fiquei, no primeiro jogo que empatámos em Braga com autogolo de Melgarejo. Não fiquei fodido pelo resultado, mas fiquei furioso pelas bocas que alguns adeptos benfiquistas mandavam no café, já a dar tudo como perdido. Isso fez com que mantivesse a minha onda convicta de que Jesus chegaria ao Olimpo na passada época, e tudo parecia correr bem para isso.

Não critico, por um momento, os festejos na Madeira (perfeitamente natural), mas tive noção, e aí sim, zanguei-me a sério com Jesus, de que o jogo contra o Estoril foi super mal preparado, mas não sei se o treinador fez o papel dele e os jogadores desvalorizaram, ou se a culpa foi mesmo de Jesus. O que sei é que não foi do Carlos Martins, como muitos quiseram fazer parecer para proteger Jesus. Mas, mais uma vez, calei-me, até porque estava convicto de que seríamos na mesma campeões, pois percebi que foi um jogo mal preparado, e que não se repetiria no Dragão.

E assim foi, e só o perdemos (assim como o campeonato) por manifesta falta de sorte, por um acaso, um reco, uma cagada do caralho como diz o Cota. Fiquei de rastos, e lembrei-me do jogo com o Estoril, mas a imagem de Jesus de joelhos, deu-me uma imensa esperança de que aquele homem era o nosso salvador.

Quando é que as coisas mudaram?

Final da taça. Foi dos períodos em que mais sofri pelo Benfica, pela confusão com Cardozo (atenção, assim como Jesus cair de joelhos me deu tranquilidade em relação à sua vontade de estar no Benfica, também a insatisfação de Cardozo provocou o mesmo em mim), pela recusa da entrega da Taça, pela desmarcação de alguns membros da direção no apoio a Jesus nos dias que se seguiram, e, talvez, pela onda que se gerou, que poderá ter influenciado, embora sabendo eu que me posso deixar influenciar minimamente, também sei que é algo raro de acontecer.

Também percebi que seria normal renovar contrato por um ano, tendo em conta a evolução do Benfica, e sobretudo de Jesus, mas fiquei furioso com a decisão dos 2 anos, porque, como é óbvio, quem tem cu tem medo. Mas, mesmo assim, e a partir do momento em que renovou, também vim aqui escrever que preferia Marco Silva, mas que estaria com Jesus, uma vez que era ele o treinador.

O meu maior erro terá sido, antes do Natal, de andar com a ideia de fazer umas listas para viralizar (na verdade eram experiências, peço desculpa se vos tratei como cobaias, mas era importante para mim), e aí sim, reneguei Jesus como um Judas, e relembrei que Marco Silva seria uma boa solução.

A verdade é que estive sempre com Jesus nos momentos mais difíceis, quando poucos estavam, e sempre aproveite a visibilidade deste blog para tentar moldar algumas mentes nesse sentido, tendo-me no entanto afastado durante grande parte desta época (no início e no fim).

Isto acaba por ser um pouco como quando estás 3 horas à espera de uma gaja que andas de olho, para meter conversa, e ela passa 2 minutos depois de desistires.

Futuro?

Se Jesus for para o Mónaco, Marco Silva continua a ser uma grande solução.

Se Jesus ficar mais um ano, fantástico também. Temos mais uma época para preparar a sucessão de forma mais estável (sim, a renovação por dois anos foi muito útil graças ao desfecho desta época).

Se Jesus renovar, que seja para ficar no Benfica até se reformar (talvez mais uns 10 anos), e aí sim, tenho a certeza que poderemos iniciar um ciclo glorioso, desde que Jesus continue a evoluir nos aspectos onde tem lacunas, e não espero outra coisa dele depois daquela época a seguir a Villas Boas.

Resumindo: eu quis que o Jesus fosse com o caralho, mas agora já não quero. E tenho tomates para o dizer, assim como Jesus teve tomates para dar a volta ao que perdeu no jogo da taça do ano passado.