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Parque Sarmiento em Rio Cuarto, Argentina |
A noite estava fria, após um Inverno terno e um Verão resmungão, e o Benfica entrava de cabeça quente incendiada por um corpo morno. Mas não Pablito. Pablito ardia, como uma pira prestes a queimar mais um 'importante' que nos deixe, e levava o fogo a todo o lado do campo, emendando erros de colegas, os seus próprios erros. Pablito percebe que já não está em Lisboa. A Catedral tinha-se mudado para a sua Argentina natal, e Pablito corria numa fria noite de Setembro, por entre o vermelho das folhagens caídas no Parque Sarmiento, em Rio Cuarto, deixando para trás todos os outros que não conseguiam acompanhar a magia, que fez dele herói no vale do rio de prata e no mais angelical inferno do país de Antero (de Quental).
Pablo esquivava-se dos adversários, os velhos carvalhos seculares, mas por vezes feria-se nos choupos, que interrompiam o feitiço e o olho na bola, com os seus ramos esguios e traiçoeiramente baixos e reles. Foi aí que Pablo aprendeu que os pés conseguem ver tanto, ou mais, que os olhos. Na Catedral da Luz, em pleno Rio Cuarto, Pablito parece ter um radar, como o dos submarinos, e vai percebendo para onde se deve virar e para onde deve passar a bola.
Pablito perde a bola para Hulk, e nesse mesmo instante passa para a margem do lago do Parque Sarmiento, e desata em corrida desenfreada, como quando tinha 10 anos, para não deixar a bola nova cair ao lago. Pablito tropeça, mas conseguiu. A bola não caiu ao lago, apesar de um colega ter lá chegado antes. O jogo dá uma reviravolta estranha, e o Porto marca.
Pablito não tinha Porto na sua cidade natal. Teria, no entanto, alguns cidadãos corruptos, cujas façanhas menos éticas corriam de boca em boca, pelas mulheres nos mercados, desaguando ao jantar, numa mesa de uma família comum. Mas há uma coisa que Pablo tinha no seu parque. Colegas a jogarem com ele. Defesas, Médios, Avançados. Às vezes até um Guarda-Redes. Pablito viu então a baliza, dois choupos grossos e envelhecidos, com um castanho opaco, e viu um colega chutar a bola com força. A bola fez ricochete em Pablito, sobejando para outro que haveria de marcar o golo. Pablito está feliz. Mas não ficou por aí. Quando volta a ver os dois choupos, e num remate do alto da ponte, direcciona a bola por cima do lago, onde estava o mesmo colega para a cabecear entre os choupos e os carvalhos adormecidos.
A Catedral vem abaixo. O Benfica vence por 2-1, depois de estar a perder, e tudo parece correr de feição... Mas não para Pablo.
Pablo já não está em Rio Cuarto, Pablo continua na Luz, mas em Lisboa. Pablo tem que ser substituído. O corpo já não é o mesmo. Os anos passaram. O Benfica aplaude.
Este vídeo mostra os lances mais importantes de Pablo no célebre jogo que nos tirou o título do ano passado. Com esta entrega e com esta magia, não nos podemos dar ao luxo de o deixar fugir. E, conforme li por aí, num comentário ao acaso, Pablo amanhã marca... e fica!
http://www.youtube.com/watch?v=gW5-Ey2QHg4
Mesmo a jogar condicionado, mesmo com falta de ritmo, e mesmo que nunca consiga terminar um jogo, Pablo Aimar é um desbloqueador de dificuldades, um simplificador. O simplificador.
#FicaPablo
14 comentários:
Top!!!
muito bom! os meus parabéns!
Parabéns vitto grande texto :)
vitto e isto?
http://www.youtube.com/watch?v=w4B354Md_3c
XD
Pablo = D10S
Imbecil
Não invocarás o nome de Deus em vão.
Consegui chatear o Vitto :)
Enorme, lindo texto.
Amanhá marca é fica.
Carrega Aimar.
offtopic
foda-se LOL
opá a sério façam um post sobre isto https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/541688_10151341805827567_519656433_n.jpg
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA...
#FicaPablo
Vénia Vitto!!!
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