Confesso que vejo regularmente o Trio de Ataque. Isto não deixa de ser estranho porque não sei bem por que razão o faço. Gostava de ver antes, quando o António Pedro Vasconcelos e o Rui Moreira estavam no programa. Adorava a ironia do Rui Moreira, uma ironia bem portuense que penso não existir noutros pontos de Portugal e que ele representava muito bem. Certo, raramente concordava com as suas ideias, mas muitas vezes não precisamos de estar de acordo com alguém para termos prazer em ouvi-la e não tenho problema algum em admitir que gostava muito de ouvir o Rui Moreira. Deixei de seguir o Trio de Ataque depois da saida destes dois e, ultimamente, tenho voltado a assistir ao programa. Porquê? Porque divirto-me bastante com as calinadas argumentativas do Miguel Guedes. Não é preciso ter frequentado o primeiro ano da Licenciatura de Direito ou de Filosofia para identificar a desonestidade intelectual constante da personagem e a sua falta de carácter que o leva a utilizar falácias para convencer o seu auditório.
1. Há coisa de três semanas, o Gobern apresentou uma lista de oito jogadores que não jogaram contra o Porto por diferentes razões (disciplinares, lesões, etc.). Na semana seguinte o Miguel Guedes apresentou uma lista com mais de vinte jogadores que não jogaram contra o Benfica, defendendo assim a tese segundo a qual se suspeitamos de forças obscuras que impedem certos jogadores de defrontar o Porto, então muitas mais razões temos de suspeitar nos casos relativos ao Benfica.
Onde se encontra a falácia? Simples! Ela encontra-se na "qualidade" do conceito e na diferença dos critérios utilizados para as duas listas. A lista do Gobern não contemplava todos os jogadores que foram impedidos, por diversas razões, de defrontar o Porto. Ela contemplava exclusivamente os jogadores que têm uma ligação com o Porto, ou porque jogaram no clube no passado, ou porque jogarão no futuro, ou então porque manifestaram publicamente o seu amor a esse clube. Ora, a lista do Miguel Guedes contempla todo o universo de jogadores que foram impedidos de jogar contra o Benfica. Ora, se formos desonestos intelectualmente como o Miguel Guedes demonstrou ser e retirarmos o critério "jogadores com ligação ao Benfica", naturalmente a lista é muito maior : contudo tem como objecto algo completamente diferente do objecto de estudo apresentado pelo Gobern. Por outras palavras, Miguel Guedes comparou o incomparavel fazendo passar um conceito diferente pelo mesmo conceito.
Tenho pena que o Gobern não se tenha lembrado das suas próprias palavras e não tenha dito : "meu caro, essa lista é muito bonita, mas agora utiliza os mesmos critérios que eu utilizei". É normal que o Gobern não tenha tido essa reacção. Uma das estratégias mais simples para ganhar uma discussão quando a qualidade do nosso argumento é fraca, é desviarmos a atenção do que é dito e esmagarmos o nosso interlocutor através da quantidade e dos números. É uma estratégia bastante elementar e contudo bastante eficaz. Pensem que se trata de uma das estratégias mais utilizadas pelos politicos nos debates. Para convencer a audiência, caiem frequentemente na enumeração dos exemplos como se o exemplo, essa cobardia argumentativa como dizia o Fernando Pessoa, chegasse por si mesmo a demonstrar o que quer que seja. Quanto mais exemplos, melhor então!, na lógica elementar em que a quantidade é igual à qualidade. Quantas vezes ouviram um politico a disparar uma enormidade de números para defender a sua tese e assim impressionar a audiência com a suposta validade matemática? Pois é, o importante numa enumeração não é a quantidade do que é dito, mas os critérios utilizados para a interpretação do que é dito e esses critérios não foram os mesmos que estiveram na base da lista do Gobern e na do Miguel Guedes.
2. Mais uma prova da desonestidade intelectual do Miguel Guedes é a estratégia segundo a qual uma verdade relativa (relativa a quem a profere) é transformada, na argumentação, em verdade absoluta. Esta "verdade absoluta" que o Miguel Guedes tem apresentado consiste no favorecimento extremo ao Benfica da parte das arbitragens, repetindo ultimamente que a balança não será equilibrada no final. Note-se, de passagem, que ele começou com este discurso há coisa de um mês, ou seja, mais ou menos a meio da época. Entretanto aconteceu o Boavista-Porto e o consequente Porto-Sporting, por exemplo. Mas passemos isto.
Tenho pena que o Gobern não se tenha lembrado das suas próprias palavras e não tenha dito : "meu caro, essa lista é muito bonita, mas agora utiliza os mesmos critérios que eu utilizei". É normal que o Gobern não tenha tido essa reacção. Uma das estratégias mais simples para ganhar uma discussão quando a qualidade do nosso argumento é fraca, é desviarmos a atenção do que é dito e esmagarmos o nosso interlocutor através da quantidade e dos números. É uma estratégia bastante elementar e contudo bastante eficaz. Pensem que se trata de uma das estratégias mais utilizadas pelos politicos nos debates. Para convencer a audiência, caiem frequentemente na enumeração dos exemplos como se o exemplo, essa cobardia argumentativa como dizia o Fernando Pessoa, chegasse por si mesmo a demonstrar o que quer que seja. Quanto mais exemplos, melhor então!, na lógica elementar em que a quantidade é igual à qualidade. Quantas vezes ouviram um politico a disparar uma enormidade de números para defender a sua tese e assim impressionar a audiência com a suposta validade matemática? Pois é, o importante numa enumeração não é a quantidade do que é dito, mas os critérios utilizados para a interpretação do que é dito e esses critérios não foram os mesmos que estiveram na base da lista do Gobern e na do Miguel Guedes.
2. Mais uma prova da desonestidade intelectual do Miguel Guedes é a estratégia segundo a qual uma verdade relativa (relativa a quem a profere) é transformada, na argumentação, em verdade absoluta. Esta "verdade absoluta" que o Miguel Guedes tem apresentado consiste no favorecimento extremo ao Benfica da parte das arbitragens, repetindo ultimamente que a balança não será equilibrada no final. Note-se, de passagem, que ele começou com este discurso há coisa de um mês, ou seja, mais ou menos a meio da época. Entretanto aconteceu o Boavista-Porto e o consequente Porto-Sporting, por exemplo. Mas passemos isto.
Afirmar que a balança não será equilibrada no final pressupõe que, de facto, o Benfica foi muito beneficiado até agora. E o que o Miguel Guedes tem a apresentar para defender esta tese? Uma lista (mais uma!) com a quantidade de vermelhos que as equipas que defrontam o Benfica tiveram. Voltamos assim ao ponto um e à diferença entre um argumento quantitativo e um argumento qualitativo. Através da quantidade, o Miguel Guedes quer evitar a discussão sobre a qualidade do argumento, neste caso se os vermelhos foram justos ou não. Toda a retórica do Miguel Guedes consiste em apresentar tudo isto como uma verdade absoluta, adicionando a frase choque (oh propaganda, propaganda!) que não podemos comprar outra realidade. Quando interpelado pelo Gobern, que lhe diz que se trata exclusivamente da interpretação do Guedes, a personagem agarra-se à evidência afirmando "claro que sim, sou eu que estou a falar". Pois é, mas a desonestidade intelectual encontra-se precisamente no facto de ele construir toda a sua teoria tentando esconder a sua subjectividade. Se é ele que fala, então ele que assuma a sua pessoa nos argumentos e não tente fazer passar gato por lebre... é relezito.
3. Ontem tivemos algo de interessante relativamente ao apito dourado. Os portistas têm variadissimas estratégias em relação às escutas. Existem aqueles que pura e simplesmente nunca ouviram as escutas. Trata-se da estratégia da avestruz, da estratégia de "quem não quer ver, de quem não quer ouvir", como tão bem cantava o José Mario Branco. Não conhecendo as escutas, elas nunca existiram e a realidade torna-se mais suportavel. Depois existem aqueles que ouviram, mas que recusam-se a falar do assunto. Outra forma de negar a realidade, mais cobarde esta porque, ao contrário dos primeiros, estes têm conhecimento de causa, mas não têm a coragem de assumir o peso da realidade. Finalmente existem aqueles como o Miguel Guedes. Ouviu as escutas e, em vez de falar nelas, dispara para o lado afirmando que as escutas deveriam ter sido igualmente feitas "do Centro para baixo".
Ele até pode ter razão, mas isso não invalida em nada o facto de terem sido feitas escutas do Centro para cima, nas quais escutas mostra-se de forma clara que muito do sucesso do Porto dependeu de jogos de influência e de corrupção. A desonestidade intelectual do Miguel Guedes aqui é assim bem evidente e pode ser reduzida a isto : não é porque eventualmente outros ganharam de forma suja que quem de facto ganhou de forma suja pode ser ilibado (faço um parêntesis para dizer para nunca se esquecerem que o Porto foi ilibado na justiça por uma questão de forma - escutas ilegais - e não pelo conteúdo das ditas escutas). Trata-se de mais uma estratégia bem comum no mundo da politica onde quando um responsavel é alvo de um caso, uma das suas primeiras reacções é desviar as atenções para os outros (ainda recentemente, quando o caso Passos surgiu, a máquina PSD apontou logo as baterias para o Costa).
Ele até pode ter razão, mas isso não invalida em nada o facto de terem sido feitas escutas do Centro para cima, nas quais escutas mostra-se de forma clara que muito do sucesso do Porto dependeu de jogos de influência e de corrupção. A desonestidade intelectual do Miguel Guedes aqui é assim bem evidente e pode ser reduzida a isto : não é porque eventualmente outros ganharam de forma suja que quem de facto ganhou de forma suja pode ser ilibado (faço um parêntesis para dizer para nunca se esquecerem que o Porto foi ilibado na justiça por uma questão de forma - escutas ilegais - e não pelo conteúdo das ditas escutas). Trata-se de mais uma estratégia bem comum no mundo da politica onde quando um responsavel é alvo de um caso, uma das suas primeiras reacções é desviar as atenções para os outros (ainda recentemente, quando o caso Passos surgiu, a máquina PSD apontou logo as baterias para o Costa).
E pronto, o texto vai longo, mas o espectáculo que o Miguel Guedes tem dado merece que se aponte bem as razões não apenas porque canta sem encantar, mas igualmente porque não tem grande sucesso como advogado : é que nem é preciso ter feito advogacia para levantar todos os erros formais na argumentação do Mind Zero.
Tenho pena que o Trio de Ataque se tenha transformado num programa tão politicamente correcto. Nos tempos do Rui Moreira e do APV não havia tanto "faux-culs" : eles diziam o que pensavam tal como pensavam. Agora não e ontem o Gobern demonstrou isso mesmo. Como é possivel ele criticar toda a campanha que tem sido feita contra o Benfica nos media e dizer que o Miguel Guedes... não é dos elementos mais activos dessa campanha? é triste! Bem dizia o Scolari que um dos problemas de Portugal é que os portugueses, mesmo quando insultam alguém, pedem desculpa. Do estilo "Desculpe lá, mas você é um merdas". Respeitinho, respeitinho : é muito bonito e mostra boa educação.
Tenho pena que o Trio de Ataque se tenha transformado num programa tão politicamente correcto. Nos tempos do Rui Moreira e do APV não havia tanto "faux-culs" : eles diziam o que pensavam tal como pensavam. Agora não e ontem o Gobern demonstrou isso mesmo. Como é possivel ele criticar toda a campanha que tem sido feita contra o Benfica nos media e dizer que o Miguel Guedes... não é dos elementos mais activos dessa campanha? é triste! Bem dizia o Scolari que um dos problemas de Portugal é que os portugueses, mesmo quando insultam alguém, pedem desculpa. Do estilo "Desculpe lá, mas você é um merdas". Respeitinho, respeitinho : é muito bonito e mostra boa educação.
12 comentários:
Exatamente, faz lembrar aquele criminoso que não refuta os crimes que cometeu, mas por cobardia, vitimiza-se desviando as atenções, dizendo: " se voçês investigassem veriam que não sou o unico, existem outros que cometeram o mesmo crime". Não tendo provas, injuria seja quem for...são assim os cobardes...são assim os andruptos...incluindo o Rui Moreira, que tanto gostas...
Talvez o Gobern devesse ler isto...
O que eu vejo é sempre um João Gobern muito pouco preparado para o debate! A pouca perspicácia do Gobern e as bebedeiras de Rui Oliveira e Costa fazem deste excremento Guedes um gajo "inteligente"= c
=chico esperto
P.s olhando á caixa de comentários dest post, não me parece que seja só o ROC a malhar uns tintóis!!!
Sim, chico-espertice é um optimo adjectico para qualificar o Miguel Guedes.
O que me deixa mais irritado e frustrado, não é simples facto de qualquer adepto portista deturpar a verdade, porque já o fazem à muitos anos e sempre da mesma maneira, o que irrita é quem está lá para defender os ataques ao Benfica ser sempre um anjinho e aceitar sempre o que eles dizem.
No aspecto da defesa ao Sport Lisboa e Benfica somos mesmo muito fraquinhos...
O que ainda gostava de saber é como é que o one man show do mind zero veio cair nestas andanças...já viram que o homem canta, tratabda lei e ainda sabe da poda da bola como se de gente grande se tratasse?
Em tempos segui esse programa e garanto-vos que tudo o que o Moreira lá vomitava era escrito na torre das antas! Como? Em pleno apito dourado o senhor lembrou-se de dizer que havia que responder ás acusações e que a serem reais teria que fazer-se justiça! Duas semanas depois levou para o programa uma saca de batatas cheia de sapos e mamou-os todinhos em directo! Até o sapo da Carolina das bufas ela mamou ali mesmo! Dai em diante a lambecuzice quadruplicou e eram loas ao senhor pápa diariamente!
Consta que foi convocado para um encontro na torre das antas e foi-lhe explicado que se alinhasse se faria presidente na oportunidade seguinte (vulgo ko técnico ao rui rio)...e se não alinhasse ele próprio se faria ao rio! (Há videos no YouTube que comprovam está "mudança" de discurso de uma semana para a outra)
Agora digam-me lá se a escolha do ceguinho foi inocente?!
Não terá chegado á redacção do programa uma carta com o currículo do candidato?
O Benfica faz sempre defender por oradores fracos/moderados mas não soará como tal apenas pelo facto de que a maioria se limita a dar opiniões de forma "desordenada"?
Para mim que assim continue! Gosto pouco de convidados de luxo! Que defenda o Benfica quem quiser! É sinal que ama o clube!
Dispenso que amém outro tipo de amores!
Carrega gobern! E rgs! E tantos outros que têm cedido o seu tempo em defesa (á sua maneira) do glorioso!
Isto é tudo verdade, mas em comparação com o Guilherme Aziar e o Manuel Zero Taças Serrão, o Miguel Guedes é um cavalheiro impoluto, que transpira honestidade intelectual por todos os poros frutistas.
Gosto muito do Gobern. Acho que ele não tem paciência para coleccionar até à exaustão de toda a mesquinhez humana todos os casos polémicos, e pseudo-casos pseudo-polémicos, da arbitragem dos jogos dos dois grandes, e muitas vezes até do Sporting.
O que era giro era o Gobern confrontar o Mind Zero com a análise técnica do Árbitro de Bancada (PH) às expulsões a adversários do Benfica...o trabalho, de qualquer forma, já está feito e as conclusões são devastadoras para os devotos do Colismo.
Gostei quando o Gobern lhe chamou: Bruno de carvalho dos comentedores
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