Por motivos que não interessam nem ao Estado Islâmico, vou entrevistar o piloto Paulo Gonçalves, que conseguiu o 2º lugar no Dakar com as cores do nosso Benfica. Ao preparar a entrevista, talvez a centésima que o novo herói das duas rodas dará em poucos dias, apercebi-me que há um ponto em que o piloto deixa bem vincada a sua opinião, em relação aos colegas de equipa. Paulo Gonçalves não teria a chance de terminar esta prova no lugar que terminou, se não fossem os outros pilotos da sua equipa, sendo que um até lhe cedeu o motor, depois de uma etapa demolidora. Este é um exemplo prático do quão importante foi um colega de equipa para a 'vitória' individual de alguém.
Já no futebol, é frequente ouvirmos jogadores referenciarem o importante apoio dos colegas, com habituais clichés que vamos ouvindo ao longo dos anos, e que pouco mudaram - chega até a ser desvalorizado pela opinião pública, que já nem liga a esse tipo de declarações, e por vezes parece que não quer ver o óbvio. Não quero tapar os olhos a ninguém, nem sequer tapo os meus, tenho perfeita consciência que Lima tem falhado oportunidades inacreditáveis na hora de celebrar, isto já desde o início da época, o que é preocupante quando estamos a meio da temporada e dele todos esperávamos que fosse o artilheiro-mor, depois da saída de Cardozo e Rodrigo.
No entanto, para os olhares mais atentos, como é o caso do nosso treinador, Lima é das pedras mais importantes deste Benfica, arriscando-me eu a dizer que é ainda mais preponderante que Gaitán, pois não são raras as vezes que o brasileiro tem de ocupar os lugares do argentino para que este se solte na frente. Não será bem emprestar o motor a um colega, mas é de igual importância e simbolismo, e os que o fazem, para mim não são só jogadores de futebol, são verdadeiros desportistas. Lima vem buscar jogo atrás, sacrificando muitas vezes a sua posição no terreno, chegando um pouco atrasado (ou atrapalhado) na hora de finalizar. Claro que isso não deveria ser desculpa, mas Lima trabalha como ninguém trabalha naquela frente de ataque, e Jesus não esquece isso. Não tenho sequer necessidade de estar a rever os resumos das jornadas pois sei que Lima aparece em mais de 50% dos golos com um papel activo, e muitas das vezes é vê-lo nos flancos a combinar com Maxi, deixando Sálvio solto para o golo (que por acaso também os falha, como Lima).
Se Sálvio não pode ser criticado, pois embora falhe oportunidades de forma escandalosa, todos lhe reconhecem o trabalho árduo que tem nos flancos, não deveria Lima também ser poupado às críticas, já que também tem feito um trabalho árduo nos flancos? E não era isso que Rodrigo fazia o ano passado, e que tanto carinho granjeou por entre nós, mesmo quando falhava tudo o que lhe aparecia na hora do golo? Na minha opinião, foi por isso que Jesus apostou em Lima no Dragão, deixando Jonas no banco (o que originou logo um coro de críticas dos meus confrades benfiquistas que não souberam ver além do óbvio), e será por isso que Jesus vai alterando aos poucos a forma como o ataque se expõe no terreno, mas Lima, esse está sempre lá.
E para finalizar, só desejo que Lima faça muitas assistências em Alvalade, umas duas ou três, que já nem precisa de marcar lá golo nenhum. Alías, se Lima fizer duas assistências por jogo até final da temporada, não precisa de marcar qualquer golo, que gostarei dele da mesmíssima maneira.
5 comentários:
Respect.
Ninguem esta livre da critica,muito menos o Lima desta temporada.Quem falha como ele tem falhado tem de ser criticado,apesar de reconhecer o enorme trabalho que ele faz todos os jogos.
Muito bom!
Texto muito bem escrito - tanto que quase me fez mudar de opinião...
Que o Lima corre muito e é importante na pressão alta defensiva é um facto. Mas se é só para isso, bem podemos ir buscar um atleta do Projecto Olímpico para jogar ali...
Como disse o outro, no futebol, mais importante que correr muito é correr bem...sobretudo para um avançado, acrescentaria eu...e o Lima corre muito, mas raramente corre bem. E como corre muito, perde discernimento na hora de fazer golo...será por acaso que grandes matadores como Oscar Cardozo e Jardel corriam pouco??...
Pelo menos até ver como se adapta o Jonathan, para mim jogava Pizzi a 8 e Talisca a segundo avançado, atrás de Jonas.
A não ser que mudem as regras do futebol e só os golos de anca passem a valer ;)
Oh Vitto pah!
Eu gosto muito do Lima e entendo muita da aparente teimosia do Jesus. No entanto, o argumento das assistências é um pouco descabido!
O gajo esta época tem 7 golos e 3 assistências... tudo no Campeonato... 3... em 19 jogos! É pouquíssimo...
Acho que o trabalho dele não passa pelos números esta época, porque são fracos... hás-de reparar que o 2º avançado do Benfica marca sempre... era o Talisca, agora o Jonas, quem quer que metas ali marca golos, muito pelo trabalho incansável de arrasto do Lima. O animal é capaz de estar um jogo todo na sombra sem que isso lhe afecte o ego, sabendo perfeitamente que está a ser útil. Mas o Futebol é também protagonismo, e pede-se isso aos avançados, umas vezes de forma mais justa que outras... Mas é um facto que a sua importância, embora exista, está a ser cada vez menos óbvia.
Mas sim, no final quem percebe de bola é o Jesus e não será só teimosia metê-lo em campo.
Nota: O Rodrigo falhava mas na época passada marca ao todo 18 golos... E ainda me lembro da importância do golo na Luz ao Porto.
Nota #2: O Salvio esta época conta com 11 golos e 6 assistências... é um fuço de cornos no chão, mas que apresenta números de avançado centro, sendo extremo...apresenta!
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