Nem sei que título dar a este post

Foi a minha avó que me deu a notícia, quando acordei, e por ser um dia de intenso trabalho para mim, ainda não tinha tido oportunidade de ver tudo o que tem circundado a passagem do nosso rei para o 4º anel. Depois de um dia de futebol do nacional de seniores, onde, inexplicavelmente, não houve minuto de silêncio, só agora à noite tomei verdadeira noção do tremendo aparato que a passagem do nosso rei para o 4º anel provocou em todo o mundo.

Esta passagem une a minha geração numa coisa: todos nos apercebemos que os nossos pais eram doidos por dEusébio, e que dEusébio marcou a geração dos nossos pais com um orgulho lusitano não visto desde há muitos séculos. Eles, que agora andam pela casa dos 60, sendo que a maioria é benfiquista por causa de dEusébio, também nos passaram esse benfiquismo, e veem agora uma parte dessa magia a perecer fisicamente, causando uma emoção redobrada, que nós ainda (os que andam à volta dos 30) não conseguimos ainda perceber. A nós, nesta altura, a lembrança do entusiasmo com que nossos pais falavam de dEusébio serve-nos também para nos lembrarmos deles, com muita ternura, aos que os ainda temos, e aos que já os perderam para um lugar qualquer que desconheço, como o caso do meu bom amigo Horácio, que viu ontem o seu pai a enterrar. Um abraço para todos os que já perderam seus pais.

Gostaria ainda de destacar dois comentários que vi na televisão, e que me tocaram.

O primeiro é de Pinto da Costa. Confesso que não esperava, e eu até costumo estar à espera de tudo, mas o presidente portista deu um grande exemplo de fair play que, a meu ver, poderá fazer toda a diferença quando for ele a partir deste mundo (pelo menos comigo funcionou).

Vi também Coluna, génio esquecido nos recantos de Moçambique, que homenageou o 'afilhado', mas não deixou de relembrar que a comunicação social praticamente só endeusou dEusébio, quando outros também mereceriam igual tratamento, e Coluna era um deles. Nota-se alguma mágoa (genuína) do velho capitão, não em relação a dEusébio, como é óbvio, mas sim contra os benfiquistas, contra as suas direções, e contra Portugal.
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De resto não consigo escrever mais nada, só deixar esta foto do Sena Goulão, e abraçar o meu pai quando ele chegar a casa.