O argentino cai no relvado de forma dramática
e um gemido colectivo em Stamford Bridge faz descer em palavras até ao relvado um: 'Levanta-te, batoteiro bastardo!" Mesmo do meu ponto
de vista, é difícil ver se é simulação, mas o que estava claro como o dia era
que desde o primeiro minuto, o pequeno médio vinha a puxar os cordelinhos
na busca de manter o sonho europeu da sua equipa.
Dez minutos passaram depois desse momento, e os do Benfica
encontram-se reduzidos a dez homens, e ninguém imaginava que o capitão do Benfica,
Maxi Pereira, pudesse ter ordem de expulsão. O esforço da estrela do Benfica
na Europa, Nicolas Gaitán, provava-se ineficaz. Os 70 minutos seguintes serviram como um lembrete de que Pablo Aimar, agora com 32 anos, ainda
era capaz de ditar um jogo de futebol através dos seus pés, como tinha feito no Valência e no River Plate, anos antes.
Quando penso em Aimar, penso no jovem de cabelos grandes que
apareceu no Mestalla, vindo do River Plate, gerando uma expectativa grande. Ainda assim, encaixou perfeitamente na ponta do diamante do meio-campo, ajudando a quebrar
temporariamente o estrangulamento do Real Madrid e do Barcelona na La Liga, e
fez da equipa do Valência de Rafa Benitez um dos clubes mais atraentes de
assistir, na Liga dos Campeões.
Isso foi há mais de dez anos, e agora, eu, era uma
testemunha de um resoluto Chelsea lutando para manter a trela num jogador que
zumbia ao redor do campo, fazendo-se disponível onde quer que houvesse espaço para alguém da sua pequena estatura. Outros podem ter visto isto como um acto de ganância, mas ficou claro que os seus companheiros do Benfica
valorizavam a sua experiência de desbloquear uma defesa com apenas um passe, e tendo assumido as funções de Gaitán ao marcar o canto do qual saiu uma deliciosa bola para um gigante Javi Garcia, compensando a sua
prestação desajeitada no confronto com Ashley Cole no início do jogo.
Na cobertura televisiva do jogo, Roy Keane referiu-se a Aimar como alguém que foi "quase um
grande jogador". E até certo ponto, o homem que muitas vezes é preciso com
as suas observações contundentes, estaria certo. Quando os historiadores
olharem para trás no futebol argentino dos últimos dez anos, ele pode não ser
um dos primeiros a receber uma menção, mas sucessos domésticos, que incluem os
títulos premiados em Espanha e Portugal, irão sugerir o contrário.
A única mancha num registo doméstico impressionante, foi a relegação surpresa com
o Real Zaragoza, em 2008. Uma equipa embalada com outros talentos argentinos
como Roberto Ayala, Andres D'Alessandro e Diego Milito parecia destinada à
grandeza, mas o velho ditado do futebol que um grande conjunto de jogadores
individuais nem sempre garante o sucesso, certamente desempenhou um papel na
queda da equipa para a Segunda divisão.
Talvez os comentários de Keane fossem mais voltados para o
impacto de Aimar no cenário internacional. Sim, ele acumulou 50
internacionalizações pela Albiceleste, mas, invariavelmente, quando se está a
jogar no papel de Pibe, as comparações com o maior número 10 argentino serãp feitas, e foi aí, talvez, onde Aimar lutou com maior dificuldade. Ele não é o
único a passar por isso. Carregar com a alcunha de 'novo Maradona', e conseguir
um aval pessoal do próprio homem, foi experimentado por Riquelme,
D'Alessandro, Saviola e muitos outros. Certamente, o problema tem sido de facto
com os gestores que foram incapazes de construir em torno de tal abundância de
talentos criativos.
Há, naturalmente, um jovem futebolista que pode eclipsar
Maradona e tendo sido privilegiados o suficiente para assistir ao melhor jogador
actual do planeta no Campeonato do Mundo de 2010 na derrota dos quartos-de-final
contra a Alemanha, alguns ainda argumentam que ele necessita de provar muito, no palco
internacional, para certificar a sua grandeza.
Enquanto nós continuamos a elogiar
um jogador que bate recordes numa base quase semanal, devemos lembrar o jogador
que Messi outrora idolatrou em jovem. O futebolista que ainda valsa num campo
de futebol tão majestosamente num par de chuteiras da marca Puma, assim como o
grande Maradona fez uma vez. Pode-se dizer que, sem Pablo Aimar, não teríamos o
Lionel Messi que conhecemos e amamos hoje.
8 comentários:
Texto espetacular! Muito bom. Para os mais "picuinhas" como eu, de frisar que Pablo usa agora chuteiras Mizumo pintadas sobre a marca, devido ao seu acordo publicitário com a Puma.
Mas tendo em conta que o Texto é de 2012, até nisso está certo!
Espectacular! grande texto
PRICELESS
É por coisas destas, que prefiro blogues a jornais.
Obrigado pela partilha.
Boa friikniinii, bem esgalhada! Um texto nada fácil de traduzir, que estes geezers da bola é só camonices!!
Textos destes são uma delicia mesmo, e mais houvessem para traduzir. Ddeste-lhe um toque de classe, como El mago, Vitto. Eu sou péssimo com as virgulas. :P O Pablo Aimar é um senhor, o querer vê-lo a jogar é algo muito intenso, quase obrigatório. :)
Já tinha lido o ano passado, a versão original.
Só uma correcção: o Puma King não é o Aimar que é king (CÁ BURRO! ENTÃO NÃO SABES QUE O GAJO É DEUS?), Puma King é o modelo das chuteiras ;)
E porque é que se chamam puma king?
" First introduced in 1968 as the “King Eus©bio” to honour Portugal’s legendary Mozambican-born soccer star Eus©bio da Silva Ferreira who was the top scorer at the 1966 World Cup.
Over the years, the King became a legend and was worn by legends. The world’s greatest football stars wore the King including Eus©bio, Brazil’s Pele, Argentina’s Maradona and Dutch maestro Johan Cruyff."
Se fossemos como um certo clube, isto era mais do que razão para juntar mais um título ao palmarés.
A não ser que também existam as Puma Paulinho Cascavel ou, ja agora, as Puma Jaime Magalhães e ninguém me avisou.
Fui eu que escolhi o título e passei ao friik. My bad.
De facto não sabia nada disso, muito menos que eram King por causa do Eusébio. Estou siderado.
Vai ter que sair posta um dia destes sobre isso caralhoo
Agora vou ao Júlio Magalhães encavacá-lo um bocadinho e já vos trago noticias :D
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