No gravador com: Júlio Magalhães

Hoje fui a uma apresentação de um romance do jornalista Júlio Magalhães, e no final, fiz-lhe algumas perguntas para fazer notícias para a escola. Apesar da visibilidade que este blog já atingiu, não deixa de ser uma espécie de diário de quem cá escreve, como muitos já repararam, e por isso mesmo resolvi partilhar convosco as respostas do actual director do Porto Canal. Devo realçar a simpatia e disponibilidade deste jornalista, e de me ter respondido às perguntas todas de forma muito honesta, especialmente as que visavam o Porto Canal e o jornalismo de desporto.



Pergunta: O seu último romance é sobre a Guerra Civil espanhola. Aborda o tema do Anarco-sindicalismo, o papel que os Anarquistas tiveram nesse período?

Júlio Magalhães: : Foi um movimento importante, e acabo por tocar isso no livro, mas não de uma forma profunda. Nem mesmo as questões relativas aos ideais de cada um são muito aprofundadas, porque no fundo, o livro, é sobre relações entre pessoas, pois foi isso que a guerra civil dinamitou, sobretudo nas relações entre famílias. Mas foi claramente uma guerra ideológica, e o livro aborda os Anarquistas, mas quem for à procura de perceber que movimento é aquele, não o vai encontrar ao ler o livro.

- Os seus romances abordam tempos antigos, mas disse, na conferência, que o próximo livro seria sobre o tempo actual. Acha que isso pode ser um passo importante para si, já que os autores mais consagrados da nossa literatura escreveram sobre a contemporaneidade que viviam?

JM: Pode. A partir de agora, a expectativa do leitor é que eu evolua um pouco, e espera mais de mim. Escrever os próximos livros vai ser o passo seguinte para me afastar daquilo que é o livro de carácter jornalístico  para passar a um estilo mais literário. Espero atingir isso, mas também posso não conseguir. Posso editar mais dois ou três livros e achar melhor não continuar nesse registo.

- Agora falando um pouco de jornalismo, que é a sua especialidade. Não é incómodo para si, nesta fase da carreira, estar ligado a um clube de futebol?

JM: Não. Não me sinto nada incomodado, ou não teria deixado a TVI. Se o FCPorto me tivesse convidado para ser director de um canal do clube, não iria, e isso é ponto assente. Não iria para um projecto que fosse para servir um clube, e nem foi isso que me apresentaram. O que me propuseram foi fazer um canal generalista, com informação, cultura, entretenimento e com conteúdos do FCPorto, pago pelo FCPorto, e esses mesmo conteúdos são destinados à massa adepta do FCPorto. O FCPorto projecta a sua marca no canal, e o canal aproveita para projectar a sua própria marca para o país inteiro. Neste momento é o único canal de televisão feito fora de Lisboa. Só aceitei para ter oportunidade de construir um projecto televisivo na cidade do Porto,porque não há outro projecto de televisão que não seja em Lisboa. Se fosse para um canal do FCPorto eu não teria ido.

E não se sente incomodado com algumas notícias que veicularam na imprensa, relacionadas com agressões a jornalistas, por parte de funcionários do FCPorto, estando o Júlio a trabalhar para a mesma marca?

JM: Sinto, não é agradável ouvir esse tipo de coisas, de ver, e sobretudo acontecer isso. Mas é o que acontece um pouco por todo o país.

- Não tentou, como condição de aceitar o trabalho, que isso não se voltasse a repetir?

JM: Não. Não posso fazer isso, porque aí estava a condicionar o meu trabalho, permitindo ao FCPorto que também condicionasse o meu trabalho jornalístico, e a minha visão em relação ao que deve ser o canal do FCPorto. Cada jornalista tem de cumprir a sua missão, o FCPorto também tem, e não pode haver condições de um lado ou de outro. Faz parte da vida, e as pessoas têm de viver com bom senso e fazer equilíbrios  E há exageros de lado a lado, sempre.

- A tão falada agressão ao Valdemar Duarte, que foi seu colega na TVI, em pleno estádio do Dragão, foi verdade?

JM: Não sei. Não vi. (risos)

- Não acredito que não saiba. (risos)

JM: Bem, que houve, acho que houve, algumas... que houve ali uns encontrões... isso sim.

- Por parte de funcionários do FCPorto?

JM: Sim, por parte de funcionários que, alegadamente, estavam lá e que incomodaram o jornalista, o Valdemar...

- Alegadamente ou não?

JM: Não sei, Agora os processos estão em tribunal, será lá decidido. Na altura isso aconteceu.
 Eu já vi, em muitos estádios, acontecer isso. Ainda agora, nas eleições do Sporting, no Boavista, na Luz, em todo o lado, acontecem este tipo de coisas. O futebol arrasta paixões, os jornalistas da área de desporto sabem que este mundo é muito apaixonante e extremado, o que leva a este tipo de comportamentos. O lado bélico entre clubes, a rivalidade que existe entre clubes, torna o desporto numa área muito difícil de se trabalhar. Eu fiz a minha carreira toda e as pessoas sabiam que eu era adepto do FCPorto, porque lá joguei Basket, e não foi por isso que deixei de ser jornalista.

- Acha que os jornalistas que trabalham na área do desporto, deviam assumir o clube da sua preferência, de modo a tornar mais transparente a relação com os leitores?

JM: Não.Nem clubes, nem política. Nada. 

- Mas o Júlio assumiu...

JM: Não. Só assumi quando deixei a área de desporto. Eu tenho regras muito rígidas, e assim que assumi o meu clube, sabia que não mais voltaria à área do desporto. É como se me convidassem para ser assessor de algum ministro, nunca mais voltaria ao jornalismo. A partir do momento em que deixamos de ser, não há volta a dar. Aliás, o que me incomoda ainda mais do que as agressões, é a quantidade de jornalistas que saem das redações, vão para assessores de ministros, e depois voltam para as redações. Isso é muito mais incomodativo do que as agressões de que fala.

11 comentários:

Unknown disse...

o que incomoda é a falta de vergonha de olhar para o lado e fingir que não se viu ... se nem é capaz de exigir no mínimo o respeito pelos colegas, como é que alguém o pode respeitar ... é um gajo ao serviço do bimbalhoco e nada mais ... aliás as crónicas que escreve mostram bem que é apenas mais um tavares telles dos tempos modernos ... ele que veja o fim do outro e arrepie caminho

GNR disse...

Então o Valdemar foi ao hospital e ele vem com a conversa de "não sei" "talvez". que rico colega.

Se lhe perguntarem pelas escutas do apito dourado, responde: "não ouvi nada" "não sei".

Depois a conversa é sempre a mesma: é assim em todo lado...na luz..

DeVante disse...

Não tem vergonha este gajo. Patético!
Pode andar nas redacções, o tempo que quiser, a debitar alarvidades e a defender o seu clube/partido, sem problemas porque "não assumiu". Mesmo que isso seja evidente para todo o mundo. O problema só começa quando assumir? Éh, isso é desonestidade.

Kiddo! disse...

http://www.record.xl.pt/Futebol/Nacional/1a_liga/Porto/interior.aspx?content_id=816417

Esta notícia é um exemplo do bom jornalismo desportivo que se faz em Portugal!
Pelo menos fez-me rir logo pela manhã....

Nuno Bento disse...

Lamentável. Passa a entrevista a negar e/ou a ignorar factos que se passaram com um colega de profissão.
Isso não o "incomoda".

Unknown disse...

Foda-se oh vitto...a esse gajo não é entrevistar. É enfiar-lhe um varão de aço com 5cm de diâmetro pela uretra acima! xD

Hugo disse...

Honestos são os Delgados e os Guerras desta vida. Nem são moços de recados do lfv nem nada

Henrique disse...

"fiz-lhe algumas perguntas para fazer notícias para a escola."

Ó Vitto, ainda andas na 4a classe? Escola? :)

lol agora é "escritor" esse marmelo

Saruga disse...

É um romântico este Júlio :)

O Anti Lampião disse...

os comentários é que são ao nível da 4º classe

o que incomoda é a falta de vergonha de olhar para o lado e fingir que não se viu ...
http://oantilampiao.blogspot.pt/2010/05/o-apogeu-violencia.html
http://oantilampiao.blogspot.pt/2013/04/a-violencia-no-dna-da-agremiacao.html
http://oantilampiao.blogspot.pt/search/label/viol%C3%AAncia%20vermelha

VRJoseM disse...

"Não. Só assumi quando deixei a área de desporto."

De facto o ronkcanal é exclusivamente acerca de croche e macramê...