Acabava o Euro 96, e o futebol inglês andava nas bocas do povo. A outrora gloriosa equipa do Arsenal, que deixou créditos no final dos anos 80, andava arredada da luta pela Liga há mais de 5 anos, e o Man Utd começava o seu reinado que perdura até aos dias de hoje. Mas no final do verão de 1996, o clube decide contratar Arséne Wenger, que traz consigo a armada Francesa. Primeiro, Vieira, Garde e Anelka, o suficiente para lutarem pelo título, mas sem sucesso.
No ano seguinte, 97/98, a juntar aos 3 compatriotas, Wenger contrata ainda Emmanuel Petit e o defesa polivalente Grimandi para atacar a sua primeira época completa ao serviço do clube londrino, e logo com uma vitória estrondosa na Premier League, e uma frente de ataque que deixaria para sempre saudade aos adeptos gunners. Uma época ao bom estilo que o caracterizou quando treinou o Mónaco, com um meio campo ultra defensivo e avançados muito bons a procurar a bola fora da sua posição.
O Arsenal começou a época em grande estilo, sempre a somar vitórias no campeonato e na taça, mantendo o quintento defensivo das épocas passadas (Seaman, Dixon, Adams, Keown e Winterburn), a combinar com os 3 excelentes médios que actuavam no miolo (Petit, Vieira e Parlour), com Overmars e Bergkamp mais soltos e Wright como ponta-de-lança eficaz. Nos dois primeiros meses, toda a equipa parecia jogar para Bergkamp, que foi eleito o melhor jogador do mês de Setembro e Outubro, mas Wright também não lhe ficava atrás, do alto dos seus 33 anos, conseguia consagrar-se o melhor goleador do Arsenal no Séc. XX. Infelizmente para Wenger, Bergkamp andou afastado, primeiro por lesão, depois por castigo, e Novembro e Dezembro custaram a queda do 1º para o 6º lugar, e a saída precoce da Taça UEFA perante o PAOK.
É por volta de Dezembro que Wenger mete mãos à obra, e começa a rodar jogadores. O polivalente francês Grimandi passa a ocupar a posição central da defesa, perante anúncios de Tony Adams de se retirar (o que não acabou por acontecer), e Anelka substituí Wright, que parecia ter secado a sua fonte de golos, e já não tinha a mesma mobilidade do início da época. Era a passagem de testemunho das velhas glórias Inglesas para as promessas francesas, e que bem resultou naquele ano.
Com uma defesa mais confiante, apesar dos sucessivos erros de David Seaman e Tony Adams, o Arsenal começou a recuperar, muito graças às excelentes combinações de Overmars, Anelka e, claro, Bergkamp, que regressava para se consagrar como a grande figura da Premier League do final dos anos 90.
O banco do Arsenal também escondeu belas surpresas, durante essa época. Um David Platt entrava quase sempre para marcar, e o luso Boa-Morte foi opção em mais de metade dos jogos. Cristophe Wreh, primo de Weah, também deu uma ajuda, assim como o guarda-redes Manninger que defendeu a baliza na recta final da temporada.
Com reviravoltas fantásticas, esta equipa conseguiu recuperar os quase 15 pontos que o afastavam do Man Utd, e venceu a Liga com um ponto de vantagem sobre o rival, regressando a festa ao defunto Highbury Park, não só pelo campeonato, mas também pela tão desejada FA Cup.
Destaques:
David Seaman: Em 8 anos de clube, só tinha vencido um campeonato, e nesta altura já estava longe dos seus melhores tempos, quando ajudou o Arsenal na glória europeia de 94. Um pouco sobrevalorizado, devido à eterna escassez de opções para a baliza das redes inglesas, acabou por se tornar um guarda-redes mítico, e o último bigode a desaparecer dos relvados, em 2004, na transição para o futebol moderno.
Tony Adams: Eterno capitão Gunner, jogou 20 épocas no clube, e a de 97/98 correu de uma forma um pouco desastrosa, levando a que o capitão, então com 31 anos, pensasse acabar a carreira. Na verdade, Adams jogou grande parte da época lesionado, sendo sempre opção para Wénger, mas acabou por sair por cima, como titular absoluto, e ficando ainda mais 5 épocas no clube, retirando-se aos 36 anos.
Patrick Vieira: Recebeu Petit de braços abertos, no início dessa época, e fez com ele uma dupla temível por todas as outras equipas. Muitos dizem que ele era a verdadeira força do Arsenal de 98, e só ele conseguia arrancar os 'bruááás' da bancada de uma maneira vincada e agressiva. Servia Bergkamp na perfeição, enquanto Petit segurava a entrada do meio-campo. Tornou-se um dos melhores jogadores de sempre, na sua posição, e a par de Bergkamp, foi o grande obreiro do título de 98.
*Ray Parlour: O Gene Wilder de Londres, ostentava uma bela capilaridade na sua farta cabeleira, devido ao muito que suava para estar em todo lado ao mesmo tempo. Começava no corredor direito, mas era normal vê-lo acabar ao lado de Vieira, a tentar segurar, ou a servir Bergkamp, com mestria. Um dos mais esforçados, mas não tão dotado tecnicamente, era também um dos jogadores mais divertidos do plantel.
*Ray Parlour: O Gene Wilder de Londres, ostentava uma bela capilaridade na sua farta cabeleira, devido ao muito que suava para estar em todo lado ao mesmo tempo. Começava no corredor direito, mas era normal vê-lo acabar ao lado de Vieira, a tentar segurar, ou a servir Bergkamp, com mestria. Um dos mais esforçados, mas não tão dotado tecnicamente, era também um dos jogadores mais divertidos do plantel.
Marc Overmars: O extremo Holandês, contratado no início da época para acompanhar Bergkamp, era um génio irrequieto. Fazia as duas alas com uma naturalidade assombrosa, e a sua velocidade era tudo aquilo que a Premier pedia. Fez jogadas incríveis com o companheiro holandês, e entendia-se perfeitamente com um jovem Anelka, dando-lhe quase todos os golos que o francês apresentou no final da época.
Dennis Bergkamp: O mago holandês é, segundo muitos, um dos 10 maiores jogadores de todos os tempos, e talvez o mais majestoso que a Premier League viu nos anos 90. Bergkamp era perfeito: capacidade de passe a 100%, tanto curto como longo, poder físico, velocidade e aceleração acima da média, e claro, uns pés mágicos, tudo isto a juntar à suprema inteligência e visão de jogo do Holandês. Fazia um 'túnel' ao adversário como quem sopra dentes-de-leão, e marcava uns mísseis teleguiados, muito no estilo do actual Rocket de C. Ronaldo. Um fenómeno.
Niclas Anelka: Este jovem francês, com ar de quem nos quer vender um tapete ou um cinto na praia, foi uma descoberta incrível de Wenger, já que estava encostado no PSG quando o treinador reconheceu nele a capacidade de substituir o ídolo gunner, Ian Wright. E assim foi. Com um início impressionante do velho Inglês, onde marcou 10 golos em quase tantos jogos, o jovem francês acabou por lhe tirar o lugar, acabando a época com mais jogos, mas com menos golos, algo que viria a rectificar na temporada seguinte, afirmando-se como um grande ponta-de-lança.
Resumindo, e como disse alguém na época, este Arsenal de 97/98 resume-se numa simples frase: "O Bergkamp a marcar, e os defesas a enterrar". Uma defesa inconsistente que deixava passar muitos golos, mas um ataque fenomenal, com Bergkamp a facturar sempre que tinha oportunidade.
(*adicionado à posteriori)
(*adicionado à posteriori)
12 comentários:
E o Glenn Helder pah!?
Estava emprestado ao Maior :D
E o Martin Keown?
Foi substituído pelo Grimandi, a meio da época, que acabou por ser uma peça mais importante do que ele, embora o Keown jogasse muitas vezes a central quando o Grimandi ia substituir um lateral ou o Parlour.
épà!!! Com a cabeleira que tinha, o Parlour não tem direito a destaque?!? O Cabelo do Aimar a perder credibilidade.
Tens razão, DD.
Quando estava a ver o resumo dos jogos da temporada, foi das primeiras coisas que pensei, que o Parlour tinha ganda cabelo, e que se parece com o willy wonka dos memes.
Vou tratar de editar, e acrescentar :P
E o Taument? Esse é que era bom :)
E o Taument? Esse é que era bom :)
Por momentos, fiquei com vontade de instalar o CM 3 e voltar a treinar o Arsenal dessa época...
...mas seria um crime ir roubar o Preud'Homme ao Benfica e isso, mesmo no mundo virtual, ainda dá umas dores das grandes.
Duas notas;
Nota 1 - este blog, se fosse criado na altura, chamar-se-ia "o cabelo do Berkamp" ou "A Careca do Michael Thomas".
Nota 2 - Esta equipa do Arsenal no CM3 dá para ser campeão a umas 10 jornadas do fim. Testado e Aprovado.
O Berkamp jogava tanto!!!
Também acho que o Keown marcou mais o Arsenal que o Grimandi, merecia estar nesse onze base. O problema do Adams não foram só as lesões, o gajo era alcoólico.
O Adams e o Keown eram uma dupla dos 2 maiores cepos que já apareceram e que em qualquer outro lugar que não na premier league apenas seriam titulares em equipas que lutavam por não descer. Quanto ao Arsenal gosto mais da equipa que tinha o Pires, o sueco e o henry, pois era um gosto vê-los jogar
Seaman era um SENHOR
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