Peço perdão, mas penso que é de extremo interesse a entrevista que reproduzo a seguir.
É Daniel Sampaio, Psicólogo e ex-vice-presidente da Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal ao jornal Diário de Notícias,
É Daniel Sampaio, Psicólogo e ex-vice-presidente da Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal ao jornal Diário de Notícias,
Quando a sua Mesa da Assembleia Geral (MAG) foi eleita numa lista diferente da do Conselho Directivo (CD) de Godinho Lopes sentiu que o mandato ia ser intranquilo?
À partida não era bom, mas no primeiro ano os dois órgãos trabalharam bem. Nesse período fez-se a revisão dos estatutos, o regulamento eleitoral, houve reuniões de trabalho e o Sporting não estava na situação má em que esteve depois no segundo ano do mandato. Houve, no entanto, o episódio da destruição dos votos. Foi feita antes do prazo e comunicada pelo telefone.
À partida não era bom, mas no primeiro ano os dois órgãos trabalharam bem. Nesse período fez-se a revisão dos estatutos, o regulamento eleitoral, houve reuniões de trabalho e o Sporting não estava na situação má em que esteve depois no segundo ano do mandato. Houve, no entanto, o episódio da destruição dos votos. Foi feita antes do prazo e comunicada pelo telefone.
Quem fez essa comunicação?
Godinho Lopes a mim – nessa altura ele não se dava muito bem com Eduardo Barroso (ndr. Presidente da MAG). Disse-me que ia destruir os votos e eu respondi que tínhamos que ver. Consultei os juristas da MAG e eles responderam-me que o prazo corria. Telefonei a Godinho Lopes e os votos já tinham sido destruídos. A MAG nunca falou sobre isso porque não queria desestabilizar. Foi o vice-presidente Paulo Pereira Cristóvão que avançou para essa situação. Aí começou uma posição de desconfiança em relação ao vice-presidente, mas por uma questão de lealdade institucional ficámos em completo silêncio. Só em dezembro tomámos posições mais públicas de crítica ao CD.
Godinho Lopes a mim – nessa altura ele não se dava muito bem com Eduardo Barroso (ndr. Presidente da MAG). Disse-me que ia destruir os votos e eu respondi que tínhamos que ver. Consultei os juristas da MAG e eles responderam-me que o prazo corria. Telefonei a Godinho Lopes e os votos já tinham sido destruídos. A MAG nunca falou sobre isso porque não queria desestabilizar. Foi o vice-presidente Paulo Pereira Cristóvão que avançou para essa situação. Aí começou uma posição de desconfiança em relação ao vice-presidente, mas por uma questão de lealdade institucional ficámos em completo silêncio. Só em dezembro tomámos posições mais públicas de crítica ao CD.
E internamente quando adotaram essa posição mais crítica?
Em meados de 2012… o CD nas reuniões que mantinha connosco e com o Conselho Fiscal (CF) funcionava de forma interessante; o presidente falava durante uma hora seguida. Falava de milhões sobre coisas que percebíamos que não tiniram uma sedimentação rigorosa. Nunca vi membros do CD emitirem uma posição significativa sobre o Sporting. Ele falava sozinho, passava o tempo e a reunião acabava.
Em meados de 2012… o CD nas reuniões que mantinha connosco e com o Conselho Fiscal (CF) funcionava de forma interessante; o presidente falava durante uma hora seguida. Falava de milhões sobre coisas que percebíamos que não tiniram uma sedimentação rigorosa. Nunca vi membros do CD emitirem uma posição significativa sobre o Sporting. Ele falava sozinho, passava o tempo e a reunião acabava.
Depois houve o caso Cristóvão.
No qual houve uma grande divergência entre a MAG e o CD. Tive uma conversa com esse vice-presidente que é hoje arguido e que muito me inquietou. Nessa conversa comunicou-me que espiava os jogadores.
No qual houve uma grande divergência entre a MAG e o CD. Tive uma conversa com esse vice-presidente que é hoje arguido e que muito me inquietou. Nessa conversa comunicou-me que espiava os jogadores.
Comunicou-lhe isso assim?
Estava com os meus netos a pedir autógrafos aos jogadores junto dos carros deles onde estavam as mulheres e namoradas, e de uma forma surpreendente para mim veio ter comigo contando-me episódios da vida íntima dos jogadores e mostrando-me mensagens entre um jogador e a sua namorada. Posto isto alertei o presidente.
Estava com os meus netos a pedir autógrafos aos jogadores junto dos carros deles onde estavam as mulheres e namoradas, e de uma forma surpreendente para mim veio ter comigo contando-me episódios da vida íntima dos jogadores e mostrando-me mensagens entre um jogador e a sua namorada. Posto isto alertei o presidente.
O que lhe disse Godinho Lopes?
Disse que todos os clubes faziam isso. Eu disse que não acreditava que todos os clubes vão ao ponto de saber as relações íntimas, e estou a falar de relações afectivas e sexuais, e que isso seja motivo para um vice-presidente ter mensagens da vida íntima dos jogadores. Foi-me mostrado no telemóvel do vice-presidente a mensagem de um jogador para a sua namorada e a resposta dela. Nessa mesma conversa o vice-presidente disse-me que havia um jogador que tinha uma relação extraconjugal. A expressão que utilizei foi que “quero é que eles joguem bem, com quem dormem não me interessa”. Respondeu-me que estava a proteger os activos. Avisei Godinho Lopes, que para além da resposta de que todos os clubes fazem isso, disse-me que era o primeiro a chamar atenção para isso.
Disse que todos os clubes faziam isso. Eu disse que não acreditava que todos os clubes vão ao ponto de saber as relações íntimas, e estou a falar de relações afectivas e sexuais, e que isso seja motivo para um vice-presidente ter mensagens da vida íntima dos jogadores. Foi-me mostrado no telemóvel do vice-presidente a mensagem de um jogador para a sua namorada e a resposta dela. Nessa mesma conversa o vice-presidente disse-me que havia um jogador que tinha uma relação extraconjugal. A expressão que utilizei foi que “quero é que eles joguem bem, com quem dormem não me interessa”. Respondeu-me que estava a proteger os activos. Avisei Godinho Lopes, que para além da resposta de que todos os clubes fazem isso, disse-me que era o primeiro a chamar atenção para isso.
Concluiu que Godinho Lopes estava a par disso?
Evidentemente e achou aquilo perfeitamente natural. Depois rebentou o caso Cardinal. A MAG teve um almoço com Godinho Lopes. Aí dissemos que a situação era grave e que o Sporting devia constituir-se assistente do processo e que o vice-presidente devia sair, porque estava sob suspeita. Foi-nos respondido que ia haver uma reunião do CD para analisar a situação, na qual não se demitiu. Isto foi evoluindo, o vice-presidente acabou por se demitir devido a outros crimes que não tinham a ver com o caso Cardinal e nós insistimos que o Sporting devia constituir-se como assistente e encarar a possibilidade de pedir uma indemnização. A resposta foi negativa e a partir daí as relações degradaram-se.
Evidentemente e achou aquilo perfeitamente natural. Depois rebentou o caso Cardinal. A MAG teve um almoço com Godinho Lopes. Aí dissemos que a situação era grave e que o Sporting devia constituir-se assistente do processo e que o vice-presidente devia sair, porque estava sob suspeita. Foi-nos respondido que ia haver uma reunião do CD para analisar a situação, na qual não se demitiu. Isto foi evoluindo, o vice-presidente acabou por se demitir devido a outros crimes que não tinham a ver com o caso Cardinal e nós insistimos que o Sporting devia constituir-se como assistente e encarar a possibilidade de pedir uma indemnização. A resposta foi negativa e a partir daí as relações degradaram-se.
Conte-nos lá o processo da polémica AG que não se realizou?
No início de janeiro surgiu o requerimento. Mas a verdade é que nós podíamos ter convocado a AG através do nosso presidente Eduardo Barroso. A MAG do ponto de vista estatutário pode ser ela a requerer uma AG de destituição. Nunca o fizemos por uma questão de lealdade institucional. Dissemos que nunca o faríamos mas se um grupo de sócios o quisesse fazer nós tínhamos que analisar as condições. A 2 de janeiro, com as assinaturas a correr, pedimos uma reunião ao CD em que dissemos que uma das soluções que podia haver passava pela demissão do CD para que não houvesse uma AG de destituição.
No início de janeiro surgiu o requerimento. Mas a verdade é que nós podíamos ter convocado a AG através do nosso presidente Eduardo Barroso. A MAG do ponto de vista estatutário pode ser ela a requerer uma AG de destituição. Nunca o fizemos por uma questão de lealdade institucional. Dissemos que nunca o faríamos mas se um grupo de sócios o quisesse fazer nós tínhamos que analisar as condições. A 2 de janeiro, com as assinaturas a correr, pedimos uma reunião ao CD em que dissemos que uma das soluções que podia haver passava pela demissão do CD para que não houvesse uma AG de destituição.
Quando percebeu a intransigência de Godinho Lopes em demitir-se e falar com membros do CD?
Isso foi-nos sugerido por Abrantes Mendes, que tinha passado por um cenário igual no tempo de Jorge Gonçalves. Fizemos contactos, que não eram ao acaso, Aureliano Neves e Rui Paulo Figueiredo disseram-nos várias vezes que se queriam demitir. Eu próprio falei com Daisy Ulrich. Disseram que iam pensar. Entretanto, a MAG tem contactos com os bancos credores… Sim, pedimos audiências oficiais ao BCP e ao BES. Aí a conversa com José Maria Ricciardi foi institucional. O que ele nos disse em janeiro era que a reestruturação não estava feita, mas que ia ser feita. Ele sempre foi contra a AG porque considerava que ia interromper a reestruturação. Não havia reestruturação, havia projectos. A 25 de janeiro fomos recebidos no BCP pelo seu presidente, Nuno Amado, que nos disse que não havia reestruturação nenhuma. E mais, garantiu-nos que o BCP só colaborava com a reestruturação com tudo escrito, quer com o atual presidente, quer com o futuro se houvesse eleições. “Não vamos continuar a dar apoio ao Sporting sem um plano de reestruturação completamente escrito com o apoio do CF do Sporting, o atual ou o futuro”, disse-nos Nuno Amado. Nesse dia percebemos que o principal credor do Sporting, que é o BCP e não o BES, acabava de nos dizer que não havia reestruturação nenhuma. Era uma mistificação do CD, que numa reunião em dezembro nos chegou a dizer que a reestruturação iria ser feita até final de dezembro.
Isso foi-nos sugerido por Abrantes Mendes, que tinha passado por um cenário igual no tempo de Jorge Gonçalves. Fizemos contactos, que não eram ao acaso, Aureliano Neves e Rui Paulo Figueiredo disseram-nos várias vezes que se queriam demitir. Eu próprio falei com Daisy Ulrich. Disseram que iam pensar. Entretanto, a MAG tem contactos com os bancos credores… Sim, pedimos audiências oficiais ao BCP e ao BES. Aí a conversa com José Maria Ricciardi foi institucional. O que ele nos disse em janeiro era que a reestruturação não estava feita, mas que ia ser feita. Ele sempre foi contra a AG porque considerava que ia interromper a reestruturação. Não havia reestruturação, havia projectos. A 25 de janeiro fomos recebidos no BCP pelo seu presidente, Nuno Amado, que nos disse que não havia reestruturação nenhuma. E mais, garantiu-nos que o BCP só colaborava com a reestruturação com tudo escrito, quer com o atual presidente, quer com o futuro se houvesse eleições. “Não vamos continuar a dar apoio ao Sporting sem um plano de reestruturação completamente escrito com o apoio do CF do Sporting, o atual ou o futuro”, disse-nos Nuno Amado. Nesse dia percebemos que o principal credor do Sporting, que é o BCP e não o BES, acabava de nos dizer que não havia reestruturação nenhuma. Era uma mistificação do CD, que numa reunião em dezembro nos chegou a dizer que a reestruturação iria ser feita até final de dezembro.
Godinho Lopes queria perpetuar-se no poder?
Não tenho dúvidas. Fez tudo para que a AG não se realizasse. Ele tinha a certeza que ia ser destituído.
Não tenho dúvidas. Fez tudo para que a AG não se realizasse. Ele tinha a certeza que ia ser destituído.
Na conferência de imprensa sobre o funcionamento da AG foi atingido com ovos…
Fui avisado de que devia colocar um polícia à paisana. Através dos meus contactos um sócio do Sporting, o Comissário Pinho, foi assistir à paisana. Foi a nossa sorte. Na primeira parte, com os jornalistas, correu bem. A segunda parte era com os sócios. Estávamos no auditório e tínhamos solicitado aos serviços que identificassem os sócios. Essa identificação não foi feita. Depois começaram os insultos e os palavrões e sete ou oito indivíduos levantaram-se e atiraram ovos. O Comissário Pinho barrou a saída, pediu reforços e as pessoas foram identificadas. Foram sete pessoas identificadas que eu não sei quem são. E o processo seguiu para a polícia e para o DIAR Depois constituí-me assistente do processo e tenho também uma investigação particular para acompanhar o processo.
Fui avisado de que devia colocar um polícia à paisana. Através dos meus contactos um sócio do Sporting, o Comissário Pinho, foi assistir à paisana. Foi a nossa sorte. Na primeira parte, com os jornalistas, correu bem. A segunda parte era com os sócios. Estávamos no auditório e tínhamos solicitado aos serviços que identificassem os sócios. Essa identificação não foi feita. Depois começaram os insultos e os palavrões e sete ou oito indivíduos levantaram-se e atiraram ovos. O Comissário Pinho barrou a saída, pediu reforços e as pessoas foram identificadas. Foram sete pessoas identificadas que eu não sei quem são. E o processo seguiu para a polícia e para o DIAR Depois constituí-me assistente do processo e tenho também uma investigação particular para acompanhar o processo.
Foi aliciado para ser presidente do Sporting?
Aliciado não, fui convidado. A história do golpe de estado radica em duas reuniões que existiram e que mostram como o Sporting funcionava. A 5 de janeiro houve um encontro em que se falou de vários problemas do Sporting.
Aliciado não, fui convidado. A história do golpe de estado radica em duas reuniões que existiram e que mostram como o Sporting funcionava. A 5 de janeiro houve um encontro em que se falou de vários problemas do Sporting.
Quem esteve nesse encontro?
Pedro Baltazar, Alexandre Patrício Gouveia, Eduardo Barroso, eu, Rui Morgado e Luís Natário [ambos elementos da MAG]. Nessa reunião, e era assim que funcionava o Sporting e eu espero que nunca mais funcione assim, as pessoas disseram: Estamos em contacto com José Maria Ricciardi [presidente do BES Investimento] e temos que ver como vai ser o futuro do Sporting, isto não pode continuar assim. Aí foi combinado um jantar a 8 de janeiro na casa de Eduardo Barroso.
Pedro Baltazar, Alexandre Patrício Gouveia, Eduardo Barroso, eu, Rui Morgado e Luís Natário [ambos elementos da MAG]. Nessa reunião, e era assim que funcionava o Sporting e eu espero que nunca mais funcione assim, as pessoas disseram: Estamos em contacto com José Maria Ricciardi [presidente do BES Investimento] e temos que ver como vai ser o futuro do Sporting, isto não pode continuar assim. Aí foi combinado um jantar a 8 de janeiro na casa de Eduardo Barroso.
Quem estava presente?
Eduardo Barroso, eu, Luís Natário, Rui Morgado, João Sampaio, José Maria Ricciardi, Alexandre Patrício Gouveia e Pedro Baltazar.
Eduardo Barroso, eu, Luís Natário, Rui Morgado, João Sampaio, José Maria Ricciardi, Alexandre Patrício Gouveia e Pedro Baltazar.
E nesse jantar o que se passou?
Falou-se da AG, na qual o CD podia ser destituído e que ia haver eleições a seguir. E as pessoas perguntavam: “O que é que vamos fazer ao Sporting?”. Falámos de cenários, podia haver listas, não haver, uma comissão de gestão e falaram-se em 17 nomes para essa comissão.
Falou-se da AG, na qual o CD podia ser destituído e que ia haver eleições a seguir. E as pessoas perguntavam: “O que é que vamos fazer ao Sporting?”. Falámos de cenários, podia haver listas, não haver, uma comissão de gestão e falaram-se em 17 nomes para essa comissão.
Pode revelar alguns?
Vera Jardim, Rocha Vieira, Rui Vinhas da Silva, Abrantes Mendes, Soares Franco, Artur Torres Pereira, etc.
Vera Jardim, Rocha Vieira, Rui Vinhas da Silva, Abrantes Mendes, Soares Franco, Artur Torres Pereira, etc.
E o que se decidiu?
Nesse jantar soube histórias espantosas. Um pequeno grupo é que designava o presidente ideal. Quando se diz que é o candidato da banca devo dizer que é o candidato de um banqueiro.
Nesse jantar soube histórias espantosas. Um pequeno grupo é que designava o presidente ideal. Quando se diz que é o candidato da banca devo dizer que é o candidato de um banqueiro.
Refere-se a José Maria Ricciardi?
Com certeza. Nesse jantar ele dizia que eu era a pessoa ideal para ser o presidente do Sporting. E até me foi oferecida uma remuneração… a combinar.
Com certeza. Nesse jantar ele dizia que eu era a pessoa ideal para ser o presidente do Sporting. E até me foi oferecida uma remuneração… a combinar.
Foi José Maria Ricciardi que o convidou para ser presidente do Sporting?
Claro, foi ele que me convidou. E foi ele que me contou que com José Eduardo Bettencourt procedeu-se da mesma maneira; havia nomes e um grupo escolheu José Eduardo Bettencourt.
Claro, foi ele que me convidou. E foi ele que me contou que com José Eduardo Bettencourt procedeu-se da mesma maneira; havia nomes e um grupo escolheu José Eduardo Bettencourt.
Foi assim também com Godinho Lopes?
Com Godinho Lopes foi diferente. Andavam à procura de uma pessoa e Godinho Lopes foi ao BES ter com José Maria Ricciardi para lhe dizer que queria ser presidente. E José Maria Ricciardi considerou-o uma pessoa válida. Isto é aquilo que não pode voltar a acontecer no Sporting, felizmente não aconteceu agora, porque todos os candidatos criticaram a gestão anterior e ganhou o candidato, que não entrou, seguramente, nestes jogos de bastidores. Porque não era o candidato favorito destas pessoas. Pelo contrário, as pessoas que estiveram nesse jantar disseram que era uma pessoa sem perfil para ser presidente do Sporting.
Com Godinho Lopes foi diferente. Andavam à procura de uma pessoa e Godinho Lopes foi ao BES ter com José Maria Ricciardi para lhe dizer que queria ser presidente. E José Maria Ricciardi considerou-o uma pessoa válida. Isto é aquilo que não pode voltar a acontecer no Sporting, felizmente não aconteceu agora, porque todos os candidatos criticaram a gestão anterior e ganhou o candidato, que não entrou, seguramente, nestes jogos de bastidores. Porque não era o candidato favorito destas pessoas. Pelo contrário, as pessoas que estiveram nesse jantar disseram que era uma pessoa sem perfil para ser presidente do Sporting.
Esse grupo queria encontrar alguém que fizesse frente a Bruno de Carvalho?
Claro, o convite a Daniel Sampaio tem a ver com isso, porque sabiam que eu era da lista de Bruno de Carvalho há dois anos. Sabiam que ia ser difícil para Bruno de Carvalho combater-me, porque temos uma relação muito cordial.
Claro, o convite a Daniel Sampaio tem a ver com isso, porque sabiam que eu era da lista de Bruno de Carvalho há dois anos. Sabiam que ia ser difícil para Bruno de Carvalho combater-me, porque temos uma relação muito cordial.
Como é que o tentaram convencer?
Nesse jantar José Maria Ricciardi disse que já tinha contactado investidores, que tinha o meu nome aceite pelos investidores e aprovado por um grupo de notáveis do Sporting. Rejeitei por duas razões. Primeiro porque não tenho disponibilidade nem conhecimentos. Segundo porque achei o processo terrível. Como se escolhe um presidente desta maneira, sem programa, sem saber o que a pessoa verdadeiramente pensa só porque é uma pessoa conhecida e que se pode opor a um candidato do povo do Sporting? Recusei, uns dias depois José Maria Ricciardi telefonou-me a insistir nesta situação e eu tomei a recusar. Eduardo Barroso chegou a ser convidado para presidente da MAG…
Nesse jantar José Maria Ricciardi disse que já tinha contactado investidores, que tinha o meu nome aceite pelos investidores e aprovado por um grupo de notáveis do Sporting. Rejeitei por duas razões. Primeiro porque não tenho disponibilidade nem conhecimentos. Segundo porque achei o processo terrível. Como se escolhe um presidente desta maneira, sem programa, sem saber o que a pessoa verdadeiramente pensa só porque é uma pessoa conhecida e que se pode opor a um candidato do povo do Sporting? Recusei, uns dias depois José Maria Ricciardi telefonou-me a insistir nesta situação e eu tomei a recusar. Eduardo Barroso chegou a ser convidado para presidente da MAG…
Na sua hipotética lista?
Sim. Como recusei pensou-se numa alternativa, a tal comissão de gestão, e foi-me perguntado, por José Maria Ricciardi, Pedro Baltazar e Alexandre Patrício Gouveia, se eu podia presidir essa comissão. Todos estavam desejosos que aceitasse. Não fechei completamente a porta, por uma questão de serviço ao Sporting. O que transpareceu é que estava a organizar uma comissão de gestão e a protagonizar um golpe de estado contra Eduardo Barroso.
Sim. Como recusei pensou-se numa alternativa, a tal comissão de gestão, e foi-me perguntado, por José Maria Ricciardi, Pedro Baltazar e Alexandre Patrício Gouveia, se eu podia presidir essa comissão. Todos estavam desejosos que aceitasse. Não fechei completamente a porta, por uma questão de serviço ao Sporting. O que transpareceu é que estava a organizar uma comissão de gestão e a protagonizar um golpe de estado contra Eduardo Barroso.
Sentiu que os notáveis tinham medo de que Bruno de Carvalho fosse eleito presidente?
Medo? Eu diria pavor.
Medo? Eu diria pavor.
A quem se refere?
José Maria Ricciardi, Godinho Lopes, Nobre Guedes. Várias vezes nos disseram que se Bruno de Carvalho fosse eleito o Sporting acabava. O novo presidente vai ter uma prática diferente. Pode correr mal, mas espero que corra bem. Vai cortar a direito, vai poupar, não vai ter luxos e, sobretudo, vai estar com os sócios. Tem um enorme significado ter-se sentado no banco. Vai ter uma ligação com os jogadores e os sócios diferente. Não se pode ter a relação distante que Godinho Lopes tinha com os jogadores e o desprezo que tinha pelos sócios. A elite do Sporting tinha um profundo desprezo pelos sócios.
José Maria Ricciardi, Godinho Lopes, Nobre Guedes. Várias vezes nos disseram que se Bruno de Carvalho fosse eleito o Sporting acabava. O novo presidente vai ter uma prática diferente. Pode correr mal, mas espero que corra bem. Vai cortar a direito, vai poupar, não vai ter luxos e, sobretudo, vai estar com os sócios. Tem um enorme significado ter-se sentado no banco. Vai ter uma ligação com os jogadores e os sócios diferente. Não se pode ter a relação distante que Godinho Lopes tinha com os jogadores e o desprezo que tinha pelos sócios. A elite do Sporting tinha um profundo desprezo pelos sócios.
Com Bruno de Carvalho significa que essa elite deixou o Sporting?
Espero que sim e para sempre. O Sporting tem que voltar-se para uma matriz popular. O Sporting tem na sua génese uma coisa terrível, ter sido fundado por um visconde. E isso faz com que seja para algumas pessoas um clube elitista.
Espero que sim e para sempre. O Sporting tem que voltar-se para uma matriz popular. O Sporting tem na sua génese uma coisa terrível, ter sido fundado por um visconde. E isso faz com que seja para algumas pessoas um clube elitista.
A elite vai dificultar a vida a Bruno de Carvalho?
Já andam a dizer que vai durar três meses. Cá estarei para denunciar essa elite, quero essa elite varrida do Sporting. Tudo farei para que não tenha novamente acesso ao poder.
Já andam a dizer que vai durar três meses. Cá estarei para denunciar essa elite, quero essa elite varrida do Sporting. Tudo farei para que não tenha novamente acesso ao poder.
Eduardo Barroso disse: “Estou farto de castas de pseudo dirigentes, verdadeiros terroristas de fato e gravata”. Quem são esses terroristas?
Pessoas ligadas ao CD e Conselho Leonino (CL). Até 23 de março o Sporting foi dominado por um pequeno grupo de pessoas bem-falantes, que estão afastadas dos sócios do Sporting. E explico. Godinho Lopes propôs-me que chegasse junto dos miúdos do movimento e dissesse para eles retirarem o requerimento. E eu respondi “ó Luís não vou fazer isso. Não trato nenhum sócio do Sporting por miúdo, são pessoas licenciadas e respeitadas, depois são apenas o rosto dos 800 ou mais sócios que subscreveram o requerimento. Não vou pedir para retirar nada”. Estas pessoas pensam assim dos sócios.
Pessoas ligadas ao CD e Conselho Leonino (CL). Até 23 de março o Sporting foi dominado por um pequeno grupo de pessoas bem-falantes, que estão afastadas dos sócios do Sporting. E explico. Godinho Lopes propôs-me que chegasse junto dos miúdos do movimento e dissesse para eles retirarem o requerimento. E eu respondi “ó Luís não vou fazer isso. Não trato nenhum sócio do Sporting por miúdo, são pessoas licenciadas e respeitadas, depois são apenas o rosto dos 800 ou mais sócios que subscreveram o requerimento. Não vou pedir para retirar nada”. Estas pessoas pensam assim dos sócios.
Os sócios não mandavam no clube?
Até 23 de março não mandaram. Havia um desprezo total, visível em várias AGs. As propostas dos sócios eram sublinhadas com sorrisos e apartes de membros do CD. Havia um desrespeito pela opinião dos sócios que fosse diferente da deles. No CL a mesma coisa. As intervenções dos conselheiros eram por que razão não tinham acesso ao croquete. Uma verdadeira vergonha.
Até 23 de março não mandaram. Havia um desprezo total, visível em várias AGs. As propostas dos sócios eram sublinhadas com sorrisos e apartes de membros do CD. Havia um desrespeito pela opinião dos sócios que fosse diferente da deles. No CL a mesma coisa. As intervenções dos conselheiros eram por que razão não tinham acesso ao croquete. Uma verdadeira vergonha.
Já percebi que acha que Bruno de Carvalho está a devolver o clube ao povo. E aos títulos?
Aos títulos não sei. Sem promessas, devemos dizer que nos vamos esfarrapar para ganhar. O Sporting só tem uma solução: matriz popular. Devolver o Sporting aos sócios, ouvi-los, transformar o CL num órgão de trabalho ou, então, extingui-lo. Votei em Bruno de Carvalho, mas tem que provar. Daqui a um ano posso ter uma má opinião, mas ele vai ter uma prática diferente. É um homem do povo, não é um marquês. Estou farto de sportinguistas de consoantes dobradas que deram cabo do clube.
Aos títulos não sei. Sem promessas, devemos dizer que nos vamos esfarrapar para ganhar. O Sporting só tem uma solução: matriz popular. Devolver o Sporting aos sócios, ouvi-los, transformar o CL num órgão de trabalho ou, então, extingui-lo. Votei em Bruno de Carvalho, mas tem que provar. Daqui a um ano posso ter uma má opinião, mas ele vai ter uma prática diferente. É um homem do povo, não é um marquês. Estou farto de sportinguistas de consoantes dobradas que deram cabo do clube.
Entrevista de Daniel Sampaio ao DN.
Interessantíssima e tão confirmadora das minhas intuições pré-assembleia geral, e durante o processo das eleições.
Tenho agora a certeza que o Sporting se encontra no rumo certo.
EDIT: o futuro profissional de comunicação social que é também o patrão do Cabelo do Aimar, o Vitto, chamou-me legitimamente à atenção para um ou dois pormenores na estrutura do post, que concordei em absoluto refinar. Peço desculpa pela pressa em publicar a entrevista no curto espaço da hora de almoço, mas pareceu-me demasiado interessante para deixar passar.
Os clientes cá do tasco merecem toda a qualidade formal na escrita dos posts.
Ainda que sejam benfiquistas...
EDIT: o futuro profissional de comunicação social que é também o patrão do Cabelo do Aimar, o Vitto, chamou-me legitimamente à atenção para um ou dois pormenores na estrutura do post, que concordei em absoluto refinar. Peço desculpa pela pressa em publicar a entrevista no curto espaço da hora de almoço, mas pareceu-me demasiado interessante para deixar passar.
Os clientes cá do tasco merecem toda a qualidade formal na escrita dos posts.
Ainda que sejam benfiquistas...
15 comentários:
Quem diria que a elite lagarta tinha algo positivo???
Não será tarde?
Ser presidente nos dias dos jogos até é "porreiro". Estágio, banco...
O pior é de 2ªa 6ª. Pagar salários, pagar dividas, pagar impostos....sem dinheiro.
Foda-se, mas que grande Salganhada. Ou melhor, Ricciardada..
Se eu fosse psicólogo diria que o Dr. Daniel Sampaio está no clube errado: " O Sporting tem na sua génese uma coisa terrível, ter sido fundado por um visconde. E isso faz com que seja para algumas pessoas um clube elitista."
Sai um KIT SÓCIO para o Dr. Sampaio.
Nunca é tarde para se juntar ao clube do povo. LOL
Quanto ao resumo da entrevista: Concordo com o Valdemar, toda a gente percebia que era isto que se passava.
Haja sportinguistas, que fazem falta ao futebol português.
Como Benfiquista, estou farto de lagartos viscondes croqueteiros e incendiários.
Agora pelo menos já não vamos ouvir a ladainha do clube diferente (espero eu)
Tirando isso...este Daniel Sampaio é um senhor, gostei muito da entrevista.
É o Sporting a renegar os viscondes de que tanto orgulho tinha e a abraçar os taxistas que tanto gozava!!! E esta, heim?
"Godinho Lopes a mim(...)Disse-me que ia destruir os votos e eu respondi que tínhamos que ver.(...)Telefonei a Godinho Lopes e os votos já tinham sido destruídos."
Como é que era aquela boca do Valdemar sobre lições de democracia?
Sporting e democracia não combinam, como atesta a entrevista do Sr.
Quem é que escreveu este post com a conta do Valdemar??? Malditos hackers!! :)
Cli... na p...
Ia sublinhar a frase que o Carlos Alberto já sublinhou, ali em cima. O facto que a frase encerra em si não tem nada de reprovável, o problema não está em ter sido um visconde a fundar o clube. O problema está nos (muitos) adeptos desse clube que ainda andam de peito cheio de ar, à conta disso, como se isso fosse significado de serem "herdeiros" de alguma coisa especial que se mantivesse para sempre, tipo uma aurea ou um elemento qualquer a mais no sangue que os tornasse mais nobres só porque sim...
Abraço.
Agora é clube popular? E onde fica a diferença?
Olha,então os nobres viscondes querem juntar-se ao povo que constantemente ridicularizam? Ou será redicularizam? Queres ver que vão vender os polos Lacoste em quermesses na Igreja da Praça de Londres e começar a frequentar a feira de Carcavelos? Esperemos para ver.
O Valdemar agora também quer ser néscio, quem diria!
1) O Sporting está no rumo certo. E qual é esse rumo exatamente?
2) Como é possível gerir um clube quando as suas duas estruturas centrais andam em guerra e intrigas permanentes?
3) Um gajo, quando dorme com uma senhora, não vem gritá-lo para a rua.
4) Mas os sócios não elegeram esta malta?
5) Ia referir-me à questão da democraticidade, mas já não vale a pena.
Ó meu badameco, nunca evitas a tal farpa nè? Mas olha mas pseudo-sportinguista, eu sou de lisboa e conheco muitos sportinguistas. Uns quantos lagartos amigoa meus da altura do liceu, mas lagartagem de gabarito atençao! Dos tais do apelido inglesado, e das familias com uma data de tios e tambem de bom pastel na carteira para as saídas. Esses tais quando andava o sporting melhorzito e ate foram a uma final da uefa, mandavam bocas para outros sportinguistas que nao do mesmo estatuto social do genero: "aquele gajo, sportinguista? Ele sabe la o q è o sporting quanto mais!". Merdas dessas q a mim nao me diziam nada, e eu atè me ria qd ouvia isso, so espelham bem o vosso clube. Portanto bruno de carvalho e um novo sporting è tanga pa! O sporting è o que sempre foi: MERDA.
Enviar um comentário