Árbitros, os maiores responsáveis pela sinistralidade rodoviária

Quando estive à conversa com o ex-árbitro internacional António Marçal, fiquei surpreendido com o facto dele admitir que, para além dos golos falhados e dos erros da defesa, os erros de arbitragem fazem parte das contas finais de um título. Fiquei surpreendido porque a conversa dele não apontava para nada disso, e de repente, talvez num pequeno momento de distracção, concordou que um erro grave de arbitragem pode tirar o título a alguém.

É óbvio que concordo com ele, e quem não concorda é porque não percebe de futebol. O ano passado verificamos, sobretudo através dos erros grosseiros em Coimbra e com o Porto na Luz, o título a escapar-nos de uma forma inesperada. Tenho a perfeita consciência que também perdemos o título por exibições irreconhecíveis, especialmente em Guimarães e Alvalade, mas, como qualquer adepto de futebol, prefiro colocar as culpas nos erros dos juízes.

O Sporting não foge à regra. Temos assistido ao período mais negro dos Leões, interrompido agora com esta vitória, onde os jogadores não se querem esforçar, e pior, parece que desaprenderam como se joga à bola. Mas será que isso, por si só, justifica a pior classificação de sempre do Sporting à 8a jornada? Claro que não. Temos os golos falhados e os erros defensivos que são, talvez, responsáveis por 80% deste descalabro a que assistimos nos últimos meses. Godinho Lopes vir dizer agora, no final de uma vitória onde um erro de arbitragem teve influência no resultado, que os árbitros estão a atacar fortemente o Sporting, é incompreensível. Mas o que terá dado ânimo a Godinho Lopes para fazer agora estas declarações? Na minha opinião, Godinho foi astuto, evitando tecer comentários destes nas jornadas anteriores, para não correr o risco de ouvir da maior parte dos Leões um "Vai-te foder tu e os árbitros, põe é os gajos a jogar à bola!". Atacou na melhor altura possível, muito ao contrário do Benfica que só costuma falar quando a coisa está mesmo preta, ouvindo assim um "vai-te foder, só vens falar agora?".

Mas qual será a forma correcta de abordar estes assuntos?

 Uma equipa é construída a pensar nos falhanços (defensivos/ofensivos) dos jogadores, e nenhum avançado pode pensar em não tentar chutar novamente só porque, isolado em frente à baliza, mandou a bola para fora do estádio. Com os árbitros passa-se a mesma coisa. É necessário preparar os jogadores para contarem com os eventuais erros de arbitragem, e a defesa descomunal que Artur fez contra o Rio Ave é a prova mais viva disso. Mesmo com a bola fora, há que dar seguimento à jogada, porque não se pode estar a contar sempre que os outros façam o seu papel de forma exímia. Eu posso avançar no semáforo quando está verde, mas isso não implica que venha um gajo distraído e me mande desta para melhor. A única diferença é que quem me deu a pantufada, terá que responder por essa distracção à justiça, ao contrário dos árbitros quando erram. A única forma encontrada para evitar estas mortes no trânsito foi a da prevenção rodoviária (a tal fase de preparação dos jogadores para eventuais erros, e para estarem sempre atentos) e na remodelação dos Homens fortes da justiça, habituados ainda a um tempo em que conduzir a 50 km/h era equivalente à montanha-russa, substituindo essas pessoas por outras mais competentes e que fossem capazes de criar novas leis a privilegiar, não os infractores, mas as vítimas.

Sr. Vitor Pereira. Estamos a entrar em 2013. O Homem inventou o iPad, já saltou do espaço e até já mandou um robot a Marte. Para quando a introdução de tecnologias avançadas para prevenir futuros atropelamentos que custem campeonatos? Para quando proteger dessa forma os árbitros, que são a presa mais fácil do nosso futebol? É preciso morrer mesmo alguém?

16 comentários:

Benfiquista disse...

e os arbitros que erram por que tem fruta??

Vitto Vendetta disse...

Isso acabava por não existir, porque os lances seriam vistos na TV e o árbitro teria que decidir em acordo com o que viu (e que todos nós também vimos), não tendo grande hipótese de "roubar" propositadamente.

Dash disse...

Vitto, o problema não é só o Vitor Pereira. FIFA, UEFA e International Board têm de aprovar as introdução de tecnologias e a esses também lhes interessa que as coisas fiquem como estão, tal como tem sido óbvio pelo constante atrasar da tecnologia mais básica que seria a da linha de baliza.
Estas seriam mudanças desejáveis, mas que não interessam a quem está no topo da gestão do futebol mundial.

Vitto Vendetta disse...

Se o Vitor Pereira não fosse um lambe-colhões, já tinha pressionado nesse sentido.

LDP disse...

E mais uma semana ou duas e estaremos a assistir a mais uma noite de erros grosseiros como Coimbra ou porto na Luz...estamos colados ao primeiro lugar já há demasiadas jornadas e o polvo gosta é de espaço para dar ao tentáculo.

Escrevam o que eu digo.

lawrence disse...

Ó Vitto:
Quando é que fazes um intervalo na erva?
Estavas a ir tão bem, tão bem, e no fim percebi que afinal estavas com uma pedra do camandro quando no último parágrafo consegues falar para um monte de merda!
E depois ainda lhe fazes perguntas!
Detox, man, detox!

lawrence disse...

à parte da missiva dirigida ao Vitto, eu acabava por uma vez com essa história da sinistralidade rodoviária envolvendo árbitros!

Punha-os todos em fila no meio da estrada ao fundo da descida de Monsanto para o Viaduto Duarte Pacheco e conduzia eu lá de cima um semi-reboque carregado de blocos de pedra!

Gonçalo Teixeira disse...

Eu por mim em termos de tecnologia começava já pelos fiscais de linha. Abolia-os do futebol. Punha-os junto à área. Ficavamos na mesma com 3 àrbitros de campo. E colocava-se uma tecnologia que permite aferir com 100% de certezas os foras de jogo. É fazível.

Unknown disse...

A arbitragem é um lobbie no mundo do futebol. Não verás tecnologia tão cedo ao serviço do futebol. Não acho nada complicado perceber isto.

Abraço

Unknown disse...

A tecnologia ainda não está aprovada, pois muitas das experiências feitas têm dado resultados ora positivos, ora negativos. A FIFA está novamente a fazer testes com novas tecnologias, mas ainda não se passou da fase de testes.

O processo normalmente passa por jogos específicos de campeonatos, a seguir passa para competições de selecções de miúdos, posteriormente para competições de graúdos e depois após pedido das federações e aprovação da FIFA são introduzidas nos diferentes campeonatos.

Tanto quanto sei, vamos entrar na segunda fase quanto a 2 tecnologias, a dos campeonatos de miúdos, que são a do chip na bola e a do sensor na linha de baliza.

Quanto a Portugal acho que as pessoas têm uma ideia muito errada, pois foi uma das primeiras competições na Europa e no mundo a adoptar os equipamentos de comunicação entre árbitros na época 2007/08, sendo introduzida simultaneamente na Liga Portuguesa e na Liga Espanhola.

O problema é que quer os clubes, quer os gajos das federações pouco ou nada ligam para a arbitragem, em termos de criar condições para o profissionalismo dos árbitros, tendo inclusivamente existido a ideia de diminuir as verbas que são atribuídas à arbitragem para a época que entrou.

Os árbitros são pessoas normais, o problema é tudo o que envolve a arbitragem, desde observadores, directores das federações e das associações, bem como dirigentes de clubes que mais parecem indigentes que dirigentes.

Pedro disse...

E depois como é que o Proença ía à final da Champions???

DeVante disse...

A introdução da tecnologia segue uma lógica inversa à que nós desejamos, ou seja, a de permitir o gamanço. O dispositivo de comunicação entre os árbitros e o aumento do numero destes nos jogos da UEFA só prova isso.

Unknown disse...

Não DeVante, essas tuas afirmações só mostram o ignorante que és

Gr33n C0d3r disse...

B Cool,
a profissionalização dos árbitros envolve outros (muitos e grandes) riscos.
Vide o que sucede neste momento nos EUA onde os árbitros (profissionais) do Soccer (o nosso futebol) resolveram em conjunto fazer greve, contra as críticas e os baixos salários...

Unknown disse...

A questão Gr33n C0d3r é que não podes esperar que indivíduos que treinam 3 ou 4 vezes por semana ao fim da tarde uma hora ou hora e meia, que passam grande parte do dia (à sexta ou segunda) a trabalhar antes de viajarem para os jogos, tenham a capacidade física para acompanhar profissionais dedicados que treinam uma, duas vezes ou três vezes por dia.
Quanto maior o cansaço, menor o discernimento, além disso, poucas vezes têm hipótese de praticar a arbitragem em equipa com os seus auxiliares em situações simuladas, como os jogadores fazem nos treinos.

Se um dia observares os treinos dos árbitros percebes as limitações. Isto não quer dizer que não cometam erros que parecem ser "inexplicáveis", mas que muitas vezes resultam de desatenção, mau posicionamento ou serem enganados pelos jogadores.

A preparação de pré-época dos árbitros é risível. Mau planeamento, condições impróprias e incapacidade geral dos dirigentes, antes da liga, agora da federação de criarem as condições para diminuirem os erros.

Enquanto não se reformarem os sistemas de avaliação, os próprios avaliadores, a estrutura dirigente, mais preocupada em defender os interesses dos árbitros do que outros "interesses", enquanto não se criarem condições para melhorarem a formação de base dos árbitros e as segundas e terceiras categorias apenas promoverem os "afilhados", dificilmente teremos árbitros com competência.

Todo este discurso, não implica que não tenha olhos e perceba que por vezes outros valores mais altos se levantam, mas quando a justiça portuguesa e a justiça desportiva não tiver a coragem da italiana, como esperam que o elo mais fraco se comporte ?

Quanto às greves nos EUA, por exemplo na NBA o recorrente problema com os jogadores é bem mais grave.

DeVante disse...

BCool, se pelo menos tivesses alcançado as minhas afirmações...
Continue a pensar que é tudo incompetência. Mas já paraste para pensar porquê que continua assim? Porquê que se mantem esta estrutura amadora no que à arbitragem diz respeito? Já paraste para pensar que essa é a única forma de se desculpabilizar aquilo que todos sabemos e que parece só tu é que engoles?
Fosse tudo inconpetência, nunca seriam tomadas medidas contra NINGUÉM. Mas o que vemos no dia a dia é que uns erram e vão à jarra. Outros erram e quando recebem a nota correspondente por parte dos observadores quem se lixa são estes últimos...
Mas agora lembrei-me que, quem não é incompetente e sim bandido e ladrão é LFV...Palerma!