Mr. Wolf

Numa das minhas cenas favoritas de "Pulp Fiction", Vincent Vega dispara, “acidentalmente”, na cabeça de Marvin, um mero informador, que seguia no banco de trás do carro conduzido por Jules, o parceiro de Vega. Com o interior do automóvel coberto de litros de sangue e pedaços de cérebro do pobre Marvin, Jules desloca-se para casa do seu amigo Jimmie, que vive nas redondezas, para lhe pedir ajuda.

Jimmie, quando se depara com um automóvel pintado de sangue e com um cadáver no porta-bagagens, desespera com a situação, pois daqui a uma hora e pouco, a sua mulher chegará a casa, após mais um turno no hospital local, onde trabalha como enfermeira. Jules resolve ligar para o seu patrão a pedir ajuda e este informa-o que a “cavalaria” irá a caminho, na pessoa de “The Wolf”.

Chamo-me Wolf Winston e resolvo problemas.

The Wolf, cujo nome verdadeiro é Wolf Winston mas que Jules, Vega e Jimmie tratam respeitosamente por “Mr. Wolf”, é um homem já de uma certa idade onde as rugas que lhe preenchem a cara provam a experiência e a confiança que o patrão de Jules deposita nele.  É o estilo em pessoa. Com uma frieza de fazer inveja aos melhores cirugiões de turno nas urgências do Hospital de Santa Maria, Mr. Wolf vai, calma e paulatinamente indicando a Jules e Vegas o que fazer para limpar o carro, enquanto pede a Jimmie que lhe traga um café, “com muito creme e muito açúcar”.

Resumindo a história, Jules e Veja limpam o carro, cobrem os bancos com cobertores de cor escura e grossos (para que o sangue que possa restar não se torne visível ), tomam um duche e desaparecem da casa de Jimmie minutos antes da enfermeira chegar a casa. Problema resolvido. 

Na segunda jornada desta Liga,  Sá Pinto e companhia depararam-se com uma situação inesperada quando, ao intervalo, o Sporting se encontrava a perder, em Alvalade, com o Rio Ave, equipa que nunca antes tinha conseguido ganhar em casa do Sporting. Sá Pinto lançou, na segunda parte, os jovens André Martins e Labyad e mais tarde, já em despespero, lançou ainda o não menos jovem e estreante Valentín Viola. Foi infrutífero, pois a juventude da equipa do Sporting não conseguiu resolver o problema de, pelo menos, impedir a derrota do Sporting com o Rio Ave.

Passados alguns dias depois desse jogo e perspectivando o que aí vem para o resto da Liga penso que faltou ao Sporting um “Mr. Wolf”, alguém com experiência e cicatrizes a comprová-lo, alguém que no meio de tanta juventude, consiga acalmar as hostes e vislumbrar um caminho, um rumo, um golo.

 Disse que “faltou” pois acredito que já não falta. A crer no que é dito aqui, o nosso “Mr. Wolf” já aí está novamente.

Chama-se Marat Izmailov. Oxalá.