JJ, João Teixeira, e os Jornalistas
Como adepto de futebol, nomeadamente do Benfica, sempre senti que as conferências de imprensa serviam para informar, e não para iludir, e sempre me causou alguma revolta a forma como as personagens (geralmente os jogadores não entram neste grupo de personagens) se demarcam em pés de lã das perguntas incómodas, um pouco como na política, levando-me a pensar que essas mesmas pessoas só pensam nelas, e nunca nos clubes e nos adeptos desses mesmos clubes, preferindo deixar as culpas com os jornalistas, que são sempre 'contra' e querem sempre 'destruir-lhes a carreira'.
Tive a oportunidade de participar em algumas conferências de imprensa ao longo dos últimos anos, e se havia coisa com que me preocupava sempre era a de ter um plano B caso a pergunta que eu escolhesse já fosse feita anteriormente por algum colega. Geralmente, a pergunta alternativa não poderia ser escolhida, apenas pensada, porque durante uma conferência, e quando só se tem direito a uma pergunta, convém encadear essa pergunta nas feitas anteriormente, porque as respostas são geralmente evasivas. Isto partindo do principio que se vai para uma conferência de faca nos dentes, e foi sempre assim que me apresentei em frente a treinadores depois de desaires ou de algum problema. É certo que isso também me causou alguns problemas, mas senti sempre que o meu dever de informar foi garantido, porque o meu dever não era sequer transmitir a verdade aos adeptos, mas sim transmitir mais alguma informação que lhes interessasse, e não a que interessava ao treinador/presidente.
Posto isto, e depois de ter visto ontem a conferência de JJ em direto, não posso deixar de manifestar a minha tristeza para tamanha hipocrisia num bailado entre JJ e os jornalistas, alguns dos quais meus conhecidos, que preferem não ter os Cotas do Bigode desta vida à perna, ao invés de apurar alguma informação que realmente interesse ao comum do benfiquista. A forma como se defendeu o facto de João Teixeira jogar hoje contribuir para uma 'clara' aposta na formação, tanto da parte do jogador, do treinador, como dos jornalistas, foi uma verdadeira aberração informativa, não havendo um único jornalista capaz de perguntar a Jesus se João Teixeira jogaria caso o Benfica não estivesse já sem a mínima chance de continuar nas competições europeias. Porque isto de colocar o produto da formação a fazer um jogo ao fim de meia época, é tudo menos uma aposta 'clara' na formação. Não houve um jornalista que pegasse numa resposta 'mal-dada' do técnico a algum colega, e contra-argumentasse, fazendo-o engolir em seco.
Gosto muito da maior parte dos jornalistas que trabalham no desporto, mas não gosto quando levam o dia-a-dia como um desporto.
E gosto muito do trabalho de Jesus, admiro-o e não me importo que fique connosco por muitos anos. Mas não gosto que façam de mim parvo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
O problema não se encontra nos jornalistas (?) desportivos levarem o dia a dia na desportiva. Encontra-se no proteccionismo ao(s) 2 emblema(s) e na não coragem de afrontar poderes instituídos (nas redações e nos clubes).
claro que não jogaria, e a resposta do JJ seria à volta do "Não sei se jogaria se não jogaria, talvez jogasse, talvez não jogasse, dependeria da minha ideia para o jogo"
Enviar um comentário