Cidadão do mundo

Portugal, Espanha, França. Itália ou Alemanha são conceitos que o Homem resolveu criar para dar alguma organização à coisa. E os critérios foram vários, uns mais pacíficos, outros nem por isso. Em África, por exemplo, o recurso à régua foi fundamental para traçar fronteiras.
Mas, as fronteiras são só isso, um simples conceito. Aqui acaba A e começa B.
Confesso que não me dou muito bem com este tipo de bairrismos - esta rua é da minha freguesia, esta cidade é do meu distrito, aqui acaba Portugal e começa Espanha...
Temos, é mais que certo, mais coisas em comum entre o minho e o sul da Galiza do que com o Algarve.
Lembro-me de pensar muito nisto quando estava no sul de Espanha e via do outro lado do rio seres humanos desesperados para alcançar a Vida, no seu sentido mais pleno.
Não faz sentido.
Dito isto, seria suposto que visse as selecções de outra maneira. E vejo. Se calhar, era tempo de cada país ter uma selecção dos jogadores que jogam no seu país. Sim, eu sei, é estúpido, mas mesmo assim valia a pena arriscar.
Preferia isso a esta jogada de secretária que o clube pequenino está a tentar desenhar para meter mais um dos seus negócios na seleção. Tentar construir a ideia de que o Fernando pode ir para a seleção é um erro. Mas, reconheço que a comunicação azul está a trabalhar bem a questão.
Um craque como ele, presente no mundial, poderia valer mais uns milhões.Com o Jackson, Fernando é um dos dois candidatos a negócio do ano.
Ser um cidadão do mundo não me impede de exigir que os conceitos não se alterem - hoje as seleções são um palco exclusivo de cidadãos com nacionalidade, neste caso, portuguesa. E, isto, não se trata de um conceito vazio - claro que há muitos trabalhadores que o são apenas porque sim, mas ser nacional de um país é algo mais do que uma questão profissional.
Percebo que um menino ucraniano ou brasileiro que tenha vindo jovem para Portugal e que, fazendo a sua vida no nosso país, queira um dia representar o meu país, parece-me bem. Portugal é um país também de emigrantes.
Coisa bem diferente é aquelea que se relaciona com o mundo da bola e com o amor interesseiro que, por exemplo, o Fernando tem sido quase obrigado a demonstrar, até porque ele disse em tempos que seleção, seria a do Brasil.
Que diabo, qual é o sentido de colocar um brazuca como ele na nossa equipa? Ter uma equipa melhor? Então porque não contratar o craque Sueco para jogar, no Play off, do nosso lado?
Deco e Liedoson foram dois maus exemplos desta opção - só jogaram por Portugal porque lhes deu jeito (e à equipa também, reconheço), mas foi só isso mesmo Cara...
Na hora da verdade, lá correram eles com as malas para o sol da galera.