Eu não sou nenhum apóstolo

Não percebo muito de bola. As tácticas, os contra-golpes, as lateralizações, a bola longa p'rá frente, tudo isso soa-me a algo que penso entender, mas na realidade não percebo nada, como a maioria de quem nos lê e de quem vê bola. Se me derem um bloco de notas de um treinador, o mais certo é usar aquilo para limpar o cu, porque para setas, gráficos e desenhos, já me bastam as cadeiras de marketing, e não percebo um caralho.

Mas há uma coisa no futebol que eu entendo perfeitamente, que é a Paixão. Não é a mulher do Bruno, atenção. Eu percebo que os adeptos têm uma paixão irracional pelo clube, e que isso leva a que várias incongruências (eu tinha prometido a mim próprio nunca utilizar esta palavra, mas acho que se adequa) surjam no meio da massa adepta. Como sou do Benfica, consigo analisar perfeitamente as disparidades dos meus caros 'co-aficcionados', seja na tentativa, vá, ridícula, de justificar a agressividade de Maxi Pereira com um 'é jogador da bola, cheio de raça', de dizer que somos sempre roubados, mesmo quando o adversário tem uma razão de queixa maior (atenção, não estou a falar do jogo com o Porto, aí ambos foram prejudicados de igual modo) ou até quando dizemos que as nossas coreografias são melhores. Até eu o faço, mesmo tendo perfeita consciência de que as coisas não são bem assim. Alguns até me podem dizer que eu endeuso Aimar em demasia, mas porra, ele é o meu Deus (mesmo quando não joga um chavo), e também graças a isso consigo perceber bem estas análises facciosas que tanto me enchem a retina.

E com esta coisa toda, já me esqueci daquilo que vinha aqui escrever... Ora porra...

Ah! Jesus.

Sim, vim aqui falar de Jesus, O Técnico, e das críticas que choveram (e chovem) por essas tascas fora (físicas ou virtuais), e confesso que estou perplexo ao ver que a maior crítica foi o sistema utilizado no meio-campo. Conforme disse no início, eu não percebo muito dessas questões, mas quis-me parecer, como mero observador dos jogos do meu clube, que Jesus utilizou a mesma táctica que tem utilizado ao longo da época (pelo menos na maior parte das vezes), sem mudar uma palha.
Ou seja, Jesus desta vez, não inventou.

Não era esse o principal defeito do nosso JotaJota? Inventar sempre nos jogos grandes? Ou seria o facto de meter sempre um gajo a jogar de quem os adeptos não gostavam (e com razão)? E a crítica, que eu próprio apontei no ano passado, que nos custou o campeonato, que era o facto de ele não rodar jogadores ao longo da época, provocando um enorme desgaste na segunda volta?

Pois bem, tudo isso me pareceu ultrapassado nesta época, mas pelos vistos a embirração é mesmo com o homem, e não com o treinador. Se Jesus povoasse o meio campo, abdicando da táctica habitual, e o jogo terminasse com o mesmo resultado, Jesus seria um 'ridículo inventor' que estraga tudo nos jogos grandes porque se põe a inventar. Mas como não inventou, Jesus estragou tudo porque não mexeu na equipa, porque jogar contra grandes não é o mesmo que jogar contra pequenos, logo tinha que mexer na equipa.
Mas afinal ficamos em quê, apóstolos?

Não estou com isto a exigir a renovação de Jesus, continuo na minha, de esperar até final da época, porque por melhor que seja o treinador, se queremos um clube de topo, temos que ter a exigência de ganhar títulos, e por melhor que seja, se não os ganha, rua com ele. Não percebo (e juro, não percebo mesmo) é esta embirração com o homem, que tanto tem dado a torcer, especialmente aos adeptos que o criticam nos últimos 3 anos, e mesmo assim ninguém o deixa em paz.

Este desabafo não é nada pessoal contra ninguém, a maior parte dos meus amigos benfiquistas querem ver Jesus pelas costas, e não sou menos amigo ou guardo-lhes menos respeito por isso, já que isto é só bola, logo não acho que seja merecedor de 'bate-bocas' e insultos por esses tascos (e pela blogosfera) fora.