Ex-Dirigente Desportivo, tanto da Federação Portuguesa de Futebol como do SC Farense, António Boronha é uma referência na blogosfera e nos círculos onde se debate futebol, e foi bastante expedito e clarividente em relação às nossas perguntas.
O que acha destas duas estrelas de timbre castelhano que se afirmaram na nossa liga?
António Boronha: Dois jogadores enormes, ambos de imenso talento. Conheci o Paco por dentro e por fora (do campo), tal não acontece com o Pablo Aimar de quem só desfruto as virtualidades no campo. Não comparo, portanto escolho... o Paco - não pelo estilo mas, sobretudo, pela ‘ratice’ e pelo empenho;
CdA: Em 91, o Farense, através da sua pessoa, fez um comunicado de que não pactuava com as matreirices do sistema montado a norte. Que consequências obteve após esse boicote institucional?
AB: Nenhumas! Defendi o meu clube, como outros, a norte, defenderam os deles e os resultados podem ser comprovados na ‘história’ do futebol desse tempo;
nota: o termo ‘boicote institucional’ é excessivo, no meu entender.
CdA: Teremos o Farense na primeira divisão em breve? Quais as principais dificuldades do momento para conseguir isso?
AB: Infelizmente não! Sem recursos económicos, sem viabilidade financeira, não existe a menor possibilidade do Farense progredir. Tal como o País...
CdA: Quando entrou para a FPF, lembra-se do que pensou na primeira semana de trabalho?
AB: Perfeitamente. Que a minha missão seria desempenhada sem qualquer constrangimento externo pondo ao serviço da minha missão os interesses do futebol e das ‘selecções’.
Na altura, um mês depois de tomar posse, disse isso mesmo numa entrevista ao ‘Expresso’, acrescentando que assumiria sempre as minhas responsabilidades por todo e qualquer fracasso mesmo que não tivesse responsabilidade alguma no mesmo. Foi o que fiz;
CdA: Quem colocou António Oliveira à frente da selecção? E porquê?
AB: Essa é fácil. Quem colocou A Oliveira na Selecção foi Gilberto Madaíl.
Porquê? Por António Oliveira ser irmão de Joaquim Oliveira, detentores da Olivedesportos.
CdA: Fala-se em excursões noturnas durante o mundial de 2002, em Macau. Confirma? Quem é que foram os intervenientes dessas excursões e porque nunca foram punidos?
AB: ‘Excursões’ - o termo não é meu - houve em períodos de folga para todos. Noturnas e diurnas.
A única não autorizada (por mim) foi a do António Oliveira, Silvino Louro e P(rofessor/palhaço) Neca, uma noite, entre a meia noite e meia e as 4 e 20 da madrugada.
Silvino e Neca foram por mim severamente admoestados, passadas menos de duas horas, eram seis da manhã, e a António Oliveira, cuja competência disciplinar competia ao presidente, nada lhe aconteceu pelas razões que se depreendem de uma pergunta/resposta anterior.
CdA: O que disse a João Pinto após este ter perdido o controlo durante esse mesmo mundial?
AB: Sempre negou ter agredido o árbitro. Esteve mal mesmo quando confrontado com as imagens.
Hoje é dirigente da ‘Selecção’. Está tudo dito;
CdA: Qual foi o verdadeiro motivo para o afastamento de Vitor Baía na selecção?
AB: Já ouvi muita coisa. Aquela em que acredito - e nunca foi desmentida - escrevia-a no meu ‘blogue’: Pinto da Costa, na presença de Gilberto Madail, aquando da contratação do ‘Sargentão, pediu-lhe para que ele não convocasse Vítor Baía, na altura em desaguisados com a direcção portista.
Digam o que disserem, Vítor, Gilberto, Jorge Nuno ou Felipão, foi isto que se passou.
CdA: Acha que Scolari foi o selecionador mais importante dos últimos anos? Será que Paulo Bento o fará esquecer? E Carlos Queiróz, terá hipótese de voltar com Fernando Gomes?
AB: Não! Gostei de Scolari como pessoa. Como treinador nunca existiu, como os factos o comprovam. Mesmo quando foi campeão do mundo em 2002, ajudado pelos árbitros, por Portugal, pela França entre muitos outros.
Paulo Bento já o fez esquecer, principalmente e mais importante junto dos jogadores da selecção. Mas também no coração dos adeptos. De Carlos Queiroz só falo no dia 2 de Novembro, dia de finados.
CdA: Fernando Gomes foi apoiado pelos clubes lisboetas, após ter entrado em “litigio” com Pinto da Costa, afirmando-se neutro em relação a clubes. Acha que alguém que foi dirigente de um clube durante décadas pode mostrar isenção?
AB: É difícil mas acho possível exercer o cargo com isenção.
Eu próprio tentei fazê-lo - e não tenho conhecimento de alguma reprovação - enquanto dirigente federativo ou da ‘Liga de Clubes’ sem nunca ter deixado de ser sportinguista de Faro, menos de Lisboa.
CdA: Antes de se despedir dos nossos leitores, gostava de lhes deixar uma mensagem? Qual?
AB: Que, perante a gravíssima crise que o país atravessa, não percam a sua paixão pelo futebol mas, sobretudo, coloquem como ponto primeiro da agenda lutar contra o desgoverno que nos diz governar;
4 comentários:
António Boronha, o melhor blogger que conheci até hoje..., está tudo dito!
CLAP CLAP CLAP!!!
Espinha verticalíssima!
SL
Quem acompanhava o seu blog não lê nada que ele não tivesse já dito. Mantém a sua palavra.
Já sobre outros não se pode dizer a mesma coisa.
Engraçado...digo, desde sempre, o mesmo no caso Baía.
Muitos falam que Scolari e Pinto da Costa não se davam quando na realidade Scolari foi o melhor amigo do fcp ao ostracizar Baía dando assim fundamento para o Pinto o substituir e muito dinheiro ao seleccionar e dar a titularidade a Deco e Paulo Ferreira.
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