Cafézinho italiano

A norte, o clube campeão já vai na frente isolado, lançado para mais uma época vitoriosa e a olhar para lado sem se aperceber de rivais à vista. Um clube manchado com suspeitas e condenações ligados à corrupção de árbitros há alguns anos mas que hoje vive mais do seu bom futebol, ainda que sempre vá aparecendo o penaltyzinho da ordem que desbloqueie um jogo mais “cerrado”.

Mais a sul, os adeptos dos dois grandes rivais do clube do norte desesperam com mais uma jornada onde se perderam pontos em relação ao clube campeão.

Um dos rivais, após uma pré-época em que vendeu dois dos seus maiores craques a um clube novo-rico europeu, demora a calibrar o seu jogo e ainda parece estar a lamber as feridas que tais saídas abruptas deixaram no seio da equipa. A contestação cresce a toda a hora mas começa a virar-se mais para a Direcção do que propriamente para o treinador e, sobretudo, muito menos para os jogadores, últimos culpados de uma gestão, no mínimo, pouco preparada e que não preencheu devidamente os lugares deixados vagos pelas saídas de duas das suas maiores estrelas.

No outro rival, as vitórias não aparecem, os adeptos assobiam mas o treinador, um jovem vindo da equipa de juniores, sente-se protegido pela Direcção e pelo seu presidente, o qual tem vindo a investir fortemente em reforços, alguns consagrados, outros jovens esperanças do futebol mundial. Não é com surpresa que, no início da construção de uma nova equipa, os resultados custem a aparecer e que, no final de mais um jogo em casa onde se perdeu pontos, a contestação e assobios foram evidentes nas bancadas mas neste caso, direcionado mais ao treinador e aos jogadores. Após mais esta desilusão, o jovem treinador já veio a público afirmar que, provavelmente, terá de haver mudanças na equipa e no sistema táctico.

Vai um cafézinho?

Assim, a Juventus vai caminhando, passo a passo, direito a mais um título, sem reais contendedores à sua altura, enquanto Milan e Inter degladiam-se nas páginas dos jornais, pretendendo demonstrar quem é o mais prejudicado pela arbitragem ou quem está a jogar pior que o outro. Isto, com o clube “cigarra” à espreita, o Nápoles, clube que com uma gestão ponderada e sem loucuras, tem vindo a colecionar idas à Liga dos Campeões nas ultimas épocas e que até já ganhou uma Taça de Itália.

Pois é, qualquer semelhança entre a Liga Italiana e a Portuguesa é pura coincidência. Se no futebol jogado, há alguns que nos colocam uns patamares acima, já no que toca a justiça desportiva, estamos bastantes degraus abaixo. É que, por lá, mesmo que possa haver mais ou menos “máfia” do que  cá, quando clubes e jogadores prevaricados são apanhados nos cafézinhos, telefonemas e fruta com árbitros, são castigados. E a doer. Que o diga a Juventus. E o Milan.